Unidos venceremos
Pela primeira vez desde há já muito tempo, as sondagens dão uma maioria à direita. A descida do Partido Socialista, a subida do PSD, a aproximação do Chega e da Iniciativa Liberal aos dez por cento e mesmo a recuperação do CDS, dão à direita portuguesa um momento de uma nova esperança de poder, um dia, voltar a governar Portugal.
Contudo, a proliferação de alternativas neste setor político põe em causa essa mesma capacidade.
Dois fatores condicionam completamente esta possibilidade.
Por um lado, o método de Hond, que beneficia a unidade em prejuízo da divisão, não permite que a soma das percentagens de voto de cada um resulte no número de mandatos suficientes para a obtenção uma maioria absoluta no Parlamento.
Por outro lado, a luta pela diferenciação dos projetos que cada um apresenta leva os partidos que representam esta alternativa de direita a criar fissuras entre eles, prejudicando a possibilidade da criação de um governo conjunto.
Houve, na última campanha eleitoral para a eleição do Presidente da Câmara de Lisboa, uma esperança de unidade que parecia poder ser a alternativa que a direita necessitava, mas mesmo para essa, precisávamos do apoio de todas as forças que compõem esta direita e isso não aconteceu.
É verdade que cada momento tem as suas razões e que alguns partidos que formam esta área política precisavam de se afirmar de alguma maneira, o que os levou a procurar concorrer por si mesmos, pondo em causa o projeto que poderia ser comum.
Mas não apenas isso condicionará a capacidade de unir a direita.
A visão tendenciosa e baseada em falsas verdades, de que a extrema-esquerda é aceitável para participar na governança do nosso país e de que a extrema-direita é inaceitável na democracia portuguesa, tem o objetivo essencial de garantir a exclusão de uma alternativa governativa de direita e manter a permanência de uma esquerda que tudo aceita, desde o extremismo ao clientelismo, no poder.
É ainda uma das heranças extraordinariamente negativas de um período revolucionário, que se seguiu ao 25 de Abril de 1974, e que se apoderou da própria revolução, que se pretendia verdadeiramente democrática e livre e que a direita nunca foi capaz de combater e vencer.
Por razões mais ligadas com a estratégia assumida por essa mesma direita, que não gosta de se rever nos cravos, por associar essa revolução ao mau período que se lhe seguiu, tornou-se ela refém desta visão tendenciosa e falsa sobre a bondade de um extremismo e a maldade do outro.
Mas a revolução que as forças de esquerda hoje consideram ser ainda só sua, foi feita com o objetivo de abranger todos os portugueses, todos os pensamentos e todas as opiniões sem deixar ninguém ficar de fora.
E é essa revolução que eu festejo, que a esquerda festeja sem querer que a direita a possa festejar.
É essa revolução que a direita tem de festejar e a partir daí elaborar a sua estratégia para voltar a ser governo em Portugal, acabando com o facilitismo, o clientelismo e a incompetência, que nos tem continuadamente afastado dos nossos parceiros europeus e que pretende, com argumentos falsos, manter-se no poder.
É tempo de trazer a verdade à história, de assumir as nossas convicções e de criar uma verdadeira alternativa para governar Portugal nestes novos tempos que temos pela frente: partir para um projeto de unidade, inclusivo e baseado nas convicções de que é preciso trabalhar para criar riqueza, distribuir com justiça essa riqueza e valorizar Portugal.