União Europeia e Zona Euro registam défices históricos no segundo trimestre

Valores ultrapassaram os 11%. A dívida pública em percentagem do PIB trepou acima dos 95% nos países da moeda única.
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No segundo trimestre deste ano, os défices na União Europeia e na Zona Euro ultrapassaram os 11%, para valores históricos, segundo dados revelados nesta quinta-feira pelo Eurostat.

"No segundo trimestre de 2020, marcado por medidas de contenção da covid-19 em todos os Estados-membros, o rácio do saldo ajustado das administrações públicas em relação ao PIB situou-se em 11,6% na área do euro e 11,4% na União Europeia (UE)", começa por indicar o gabinete europeu de estatística.

Trata-se do "maior défice registado tanto na zona euro como na UE desde o início da atual série, bem como o maior aumento em cadeia", aponta o Eurostat, acrescentando que no período "todos os Estados-membros registara, um défice orçamental".

Portugal, que registou um défice de 9,2% no segundo trimestre (0,3% no primeiro trimestre) foi o sexto país da zona euro com o maior agravamento do saldo orçamental entre os dois trimestres.

Entre abril e junho, todos os Estados-membros registaram défices das contas públicas, com a Polónia a presentar o mais alto (19,8% do PIB) e a Dinamarca o mais baixo (-3,5%).

Face aos três meses anteriores, a Áustria foi o país que apresentou um maior agravamento do défice (16,3 pontos percentuais) e a Roménia o menor (3,2 pontos).

De acordo com o Eurostat, a receita dos Estados da zona euro aumentou para 47,7% do PIB, face aos 46,8% do primeiro trimestre do ano. "Este aumento em percentagem do PIB ficou a dever-se a uma descida do produto", indica o gabinete de estatística, explicando que a "receita total ajustada da sazonalidade diminuiu cerca de 132 mil milhões de euros face ao primeiro trimestre de 2020.

Quanto à despesa, o Eurostat indica que se verificou um aumento pronunciado face aos primeiros três meses do ano, fixando-se nos 59% do PIB, face aos 49,3% do trimestre anterior. A despesa dos governos aumentou cerca de 95 mil milhões de euros, comparando com o primeiro trimestre, "devido a políticas para mitigar os impactos económicos e sociais da pandemia de covid-19", explica o gabinete europeu.

Também por causa da necessidade de resposta à pandemia e redução da atividade económica, o rácio de dívida pública em percentagem do PIB aumentou no segundo trimestre do ano.

"No final do segundo trimestre de 2020, quando os impactos das medidas de contenção, bem como as políticas de resposta se materializaram totalmente nas crescentes necessidades de financiamento, o rácio da dívida na área do euro situou-se em 95,1% do PIB, que compara com 86,3% no final do primeiro trimestre de 2020", aponta o Eurostat.

Na União Europeia, o rácio aumentou de 79,4% para 87,8% do produto interno bruto. "Em comparação com o segundo trimestre de 2019, o rácio da dívida pública em percentagem do PIB aumentou tanto na zona euro (de 86,2% para 95,1%) como na UE (de 79,7% para 87,8%)", detalha o gabinete europeu de estatística.

"Os aumentos acentuados ficam a dever-se a dois fatores: o aumento da dívida e a redução do PIB", explica o Eurostat.

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