Crise é um "mar tranquilo" para Lage. E o FC Porto fugiu de novo

Dez jogos e só uma vitória, seis empates e três derrotas? "Mar tranquilo", diz o positivista Bruno Lage. O minimalista FC Porto aproveitou para recuperar a liderança isolada (1-0 ao Marítimo).
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Bruno Lage diz que não há "problema nenhum" após uma crise de resultados que nos últimos dez jogos atingiu o campeão Benfica como um meteorito. Entre Liga, Taça e Liga Europa, foram seis empates (quatro consecutivos, esta quarta em Portimão, 2-2), três derrotas e uma vitória. Aproveita o FC Porto de serviços mínimos (1-0 sobre o Marítimo).

"Já falámos sobre isso [se continua a ser a solução], até tiveram oportunidade de ver a conversa com o presidente, ver o mar... Está tudo tranquilo, não há problema nenhum", disse o treinador do Benfica.

"É olhar para o que temos vindo a fazer. Não conseguimos vencer, vai ser um campeonato onde muitas situações dessas vão eventualmente surgir, temos de vencer, fazer sempre mais e melhor".

E o que tem vindo a fazer o Benfica? Contando com a derrota no Dragão perante o FC Porto (3-2), a 8 de fevereiro, o Benfica somou apenas uma vitória nos últimos dez jogos. Foi em Barcelos, sobre o Gil Vicente (0-1). Os outros oito jogos acabaram em empates (seis) e derrotas (três), entre Liga, Taça e Liga Europa.

Mas Bruno Lage consegue ser otimista: "Foi uma primeira parte muito boa, com bom jogo posicional, equipa bem posicionada a atacar e defender, criámos espaços e oportunidades de golo. Com a dinâmica que pretendia e que por vezes não tivemos com o Tondela".

"Na segunda parte, a intenção era continuar com essa dinâmica, percebemos que o Portimonense alterou a forma de construir nos últimos cinco minutos, queríamos iniciar com pressão muito forte, a manter equipa subida e alta para não deixar o adversário jogar. Perdendo Jardel, passámos a ter mais alguma dificuldade, de bola parada surgem dois golos que nos penalizam, devíamos ter maior capacidade para continuar a pressão. E com bola tínhamos de procurar o terceiro golo e fazer a exibição que fizemos na primeira parte".

Um campeão perdido

Esmiuçando esta série de dez jogos, vemos que antes do 2-3 em casa do FC Porto o Benfica somava 54 pontos e uma liderança folgada na I Liga, com os portistas a sete pontos. Após o clássico do Dragão, em que a equipa de Sérgio Conceição conquistou vantagem no confronto direto (decisivo em caso de igualdade pontual no fim), os dragões reduziram o atraso para quatro pontos.

Uma jornada depois, o Benfica perdia na Luz com o Sp. Braga (0-1) e os dragões colavam-se - um ponto separava os dois rivais, com a equipa de Bruno Lage ainda à frente, mas por um frágil ponto. Diferença mínima que se manteve na ronda seguinte, quando as águias venceram fora o Gil Vicente. A única vitória nesta série deplorável.

Depois, a derrocada anímica, emocional e estratégica de uma equipa cheia de dúvidas. Perda da liderança (23.ª jornada) e a saga dos empates. A 1-1 com o Moreirense (na Luz) e em Setúbal com o Vitória local. Seguiu-se a suspensão do campeonato com a pandemia de Covid-19.

O regresso não foi nada melhor. Mais dois jogos e mais dois empates. A semana passada na receção ao Tondela (0-0), deixando o último triunfo na Luz para a Liga datado de 31 de janeiro - 3-2 sobre o Belenenses. Esta quarta-feira, 2-2 cedendo o avanço de dois golos conseguido antes do intervalo.

Pelo caminho, a equipa de Lage conseguiu qualificar-se para a final da Taça de Portugal (será frente ao FC Porto) e saiu das competições da UEFA. Perdeu a eliminatória com o Shakhtar Donetsk na Liga Europa, para onde caíra após ser eliminado na fase de grupos da Liga dos Campeões.

Chega um FC Porto mínimo

Se há uma semana Corona marcou, mas o FC Porto perdeu, esta quarta-feira, Corona marcou, mas o adversário não conseguiu ser eficaz como foi o Famalicão. O Marítimo teve duas ou três hipóteses de marcar mas saiu sem pontos do Estádio do Dragão. Foi 1-0 e a equipa de Sérgio Conceição avançou dois pontos no braço de ferro com o rival Benfica.

Após a reeleição de Pinto da Costa, que cumprirá pelo menos 41 anos de presidência com este mandato, a prenda foi pouco eloquente. Jogo com pouco domínio, muita garra, mas sem brilho.

O golo do mexicano teve tanto de surpreendente como de eficaz. Na verdade, até resultou numa concretização vistosa, embora sem grande força aplicada ao remate de longe. Foi logo ao minuto 6.

Bola ao centro, bola lançada na frente pelo Marítimo, Marchesín saiu em falso e Daeza, com puco ângulo, fez um balão para a baliza, ressaltando no topo da bara e seguindo em jogo.

Foi um alívio para o FC Porto, porque se na primeira parte foi controlando o adversário sem grande convicção, após o intervalo o Marítimo chegou demasiadas vezes à área portista. E podia ter marcado por Xadas ou Vukovic, ou mesmo Taegu, mas saiu de forma inglória de um jogo em que conseguiu equilibrar o suficiente para poder tirar alguma coisa ao dragão.

No fim, salvou-se um triunfo mínimo, como a qualidade do futebol do FC Porto. Mas suficiente para chegar aos 63 pontos, mais dois do que o Benfica, que empatara 2-2 em Portimão depois de estar a ganhar por dois.

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