Uma vacina no braço e um verão normal na carteira

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Neste sábado começam a ser vacinados os professores e funcionários das escolas. São 80 mil os profissionais que estão no alvo para este fim de semana, afiança o coordenador da task force da vacinação. O arranque desta etapa tão importante chega tarde, na medida em que o ensino presencial já arrancou há duas semanas para os mais novos e desde então esses recursos humanos - dedicados e responsáveis junto dos seus alunos, lutando para não deixar ninguém para trás - arriscaram a sua saúde para continuar a lutar pela sua paixão: a educação.

A educação já foi uma paixão de governos socialistas. Mas, face aos momentos que atravessamos, vários profissionais do setor consideram que a paixão esmoreceu, perdeu a chama. A educação e o governo são, comentam alguns professores, uma espécie de casal já com um matrimónio de muitos e muitos anos, mas já sem o amor nem o fervor de outros tempos. A educação é uma área absolutamente estratégica para preparar o futuro das novas gerações e de um país inteiro. E está a ser afetada por um plano de vacinação que tem andado aos tombos e com sucessivos remendos.

No The New York Times, Paul Krugman, prémio Nobel da Economia, afirmou que as falhas na vacinação são "um desastre muito europeu". Na União Europeia é mais difícil e mais lento ser-se vacinado do que em muitos países fora dela. Entre eles está o Reino Unido que já inoculou cinco vezes mais população do que a Europa unida. A estratégia traçada pelo velho continente não está a resultar e, mais cedo ou mais tarde, alguém terá de assumir esta derrota política.

Sem um plano funcional, a economia europeia continua em coma. No caso de Portugal, o cansaço face ao já anunciado décimo quarto estado de emergência é evidente. Aliás, nesta semana um estudo revelou que o tráfego automóvel já atingiu os níveis pré-pandemia, demonstrando que os portugueses estão a ficar cada vez menos em casa.

Os portugueses estão ansiosos por sair e conviver, sobretudo em época pascal. Muitos continuam a fazer um esforço por compreender a necessidade do recolhimento e do teletrabalho, mas outros acusam já os efeitos dos confinamentos com sintomas graves ao nível da saúde mental e que devem fazer soar os alarmes em termos de saúde pública.

Sem saúde está também a nossa economia. Perdida que está a Páscoa - nomeadamente para os setores de hotelaria, restauração, comercio e aviação -, os agentes económicos já só sonham com uma vacina no braço e um verão normal na carteira.

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