Superar-se é a verdadeira missão de vida de Pilar Casquilho. E é isso que a move também a ajudar outros a encontrar as ferramentas para fazerem essa viagem. É a isso que se dedica, como coach, um caminho aonde a levou a vida sem fazer grandes planos. "Esta pandemia mostrou-nos bem que não adianta ter tudo planeado, que não controlamos nada", diz-me, no jardim do Amélia, em Campo de Ourique, com o sorriso a encher-lhe a cara..Pedimos uns Ovos Amélia e uns Benedict com bacon - há de fotografá-los à chegada para guardar a beleza do prato; valoriza as pequenas coisas boas e isso dá-lhe uma felicidade que contagia -, completamos com chá preto e de rooibos para nos temperar a conversa, que arranca como entre amigas..Cresceu pelo país, o que "é ótimo, porque ficamos com amigos em todo o lado". O avô materno era da Teixeira, ao pé da Serra, a avó do Fundão, a família do pai era alentejana e os pais encontraram-se no Barreiro. Pilar viria a passar os primeiros anos de malas aviadas, ao sabor da colocação do pai, funcionário público então responsável por abrir os primeiros centros de saúde nas capitais de distrito. Nasceu em Castelo Branco, o irmão no Faial, a irmã em Évora. Planeavam as deslocações em coordenação com outras duas famílias amigas com tarefas e composição semelhante, e encontravam-se todos no verão para gozar as férias entre amigos, uma espécie de família alargada. Começou a escola em Castelo Branco, prosseguiu em Santarém, mas viriam todos para Lisboa, onde ela e os irmãos vieram fazer a universidade. "Essa experiência deu-me imensa curiosidade e nunca pensei em Lisboa como a coisa mais importante do mundo.".Com clientes dos Estados Unidos à Ásia, todos os dias se levanta pelas 06h00 e pode acabar de trabalhar às 23h00. Mas corre, joga padel, faz ginásio... além dos treinos de apneia, que nunca dispensa (lá iremos). Diz que se tornou coach "totalmente por acaso, como sempre na minha vida". Ri-se e fala com o corpo todo. Conta-me o episódio que a afastou do curso de Direito, que começara em 1975, com a universidade "em clima de campo de batalha dominada pelo MRPP"; andava no segundo ano quando teve uma zanga com um professor que lhe disse que não gostava das ideias políticas que Pilar apresentava e ela acabou a insultá-lo - e a receber a sentença de que nunca voltaria a entrar na faculdade. Ela própria já o decidira e ingressou num curso de turismo e intérprete de línguas, ainda antes de se dedicar à licenciatura em Letras. O pai era especialista em Leis do Trabalho e com o conhecimento dele herdado e a experiência adquirida em Direito e Línguas, Pilar acabou por se empregar como secretária na banca. Rapidamente o Santander a passava ao Chase Manhattan Bank (tinha então 23 anos) que gostou tanto dela que a pôs nos Recursos Humanos e dela fez diretora da área em Portugal..Foi nesses tempos que começou a viajar por toda a parte - e é disso que sente mais falta, desde que a pandemia chegou e lhe roubou a liberdade de ir onde quisesse, de estar com quem lhe apetecia, de estar sozinha por gosto -, de Nova Iorque a Londres, fez a transição da Chase para a lei laboral portuguesa. "Foi muito giro, desafiante, sempre acreditei que nos condicionamos para fazer acontecer." Quando o Chase fechou em Portugal, um colega encaminhou-a para um recrutamento para consultoria - "era no Guincho e eu adoro o mar; felizmente não era para consultores, que é superformal, tudo o que eu não sou, mas para formadores na área de comportamento"..Tímida como era, mas empenhada como sempre, aprendeu as ferramentas para ajudar outros e foi escolhida para integrar a Dynargie. "Adorei esse tempo, porque era outra vez perceber os outros, agora não pelas línguas mas pelo comportamento, e ajudar pessoas a descobrir o seu potencial. Porque cada um de nós tem algo diferente e se ajudarmos a descobrir como abrir essas portas pode potenciar-se.".Foi esse conhecimento que levou consigo quando, com dois sócios, criou a Eurogroup, onde descobriu que o que fazia era coaching. Daí à certificação foi um saltinho. Depois, tornou a largar tudo e em 2008, com 50 anos e um rol de amigos a desaconselhar esse passo, lançou-se de cabeça no que a fazia feliz e fundou uma nova empresa, a TeamView, depois a Power PieCe. Foi ganhando projetos e um levou-a a Angola, de onde trouxe uma malária cerebral que a deixou internada quase um mês: "Foi ótimo; um susto, mas que mudou a minha vida." Quando se curou, pensou que tinha de levantar o negócio, recuperar ímpeto, e repetiu a fórmula que tinha resultado na anterior empresa: foi a Paris falar com Philippe Korda, que era dos seus melhores clientes e um mentor, e propôs-lhe abrir em Portugal a Korda&Company..Ainda antes da malária, foi outro susto que a levou à apneia estática - Pilar diz que é "uma tara": sempre que lhe acontece alguma coisa má, procura o silverline, o bocadinho de bom que isso pode trazer à sua existência. "Há coisas que custam horrores, a morte dos meus pais foi um sofrimento, mas aproximou-me dos meus irmãos", exemplifica, para chegar ao mini-AVC que lhe pôs no caminho a competição por passar mais tempo debaixo de água sem ar. Como é que as coisas se conjugam? Para Pilar, muito naturalmente, na sequência de uma recuperação que lhe exigiu voltar ao que deixara para trás.."Eu estava numa altura muito agitada da minha carreira e afundei em trabalho; tinha saído de um projeto que me tinha levado à Argentina, depois a Nova Iorque, parei uma semana em Lisboa e arranquei para o Brasil. Fumava dois maços de cigarros por dia, não parava, tinha dores de cabeça monumentais, e já tinha mais de 40 anos. Um dia acordei e notei que havia algo estranho." No hospital descobriu que estava a ter um AIT (acidente isquémico transitório), estudado em direto pelos médicos que a assistiram. Agora tinha de abrandar, fazer exercício e deixar de fumar - não o fez por completo mas reduziu a meia dúzia de cigarros e o resto dos conselhos clínicos levou à letra.."Em pequena, queria ser ginasta, até me explicarem que ia morrer à fome se seguisse essa carreira", ri-se. "Então contratei um PT, que por casualidade estava a aprender apneia quando eu cheguei para a aula e me levou a tentar. Saí-me bem, fiz um tempo interessante e ele apresentou-me a um profissional. E descobri que era a única coisa que verdadeiramente me relaxava, a cabeça parava mesmo; nem no ioga o conseguia. Debaixo de água, viramo-nos tanto para dentro que ficamos mesmo tranquilos... ontem saí da piscina às 22h00.".Diz-se medrosa e garante que "não se estica", mas começou nisto aos 48 anos e tornou-se recordista nacional, com um tempo de 5,05 minutos submersa sem respirar. Pratica todos os dias, na piscina e no mar, compete nos mundiais e aplica toda a disciplina que garante não ter na vida pessoal mas de que não prescinde nas atividades profissionais. Entre a curiosidade de entender o que acontece e a vontade de experimentar e testar constantemente os limites, diz que tem feito muitos disparates. Mas a apneia ajudou-a a entender-se e a disciplinar-se - e a fazer por ser sempre melhor..Não se cansa disso, como não se cansa do coaching: "Acho que é este o meu projeto de vida." Mas quando lhe perguntaram, há dois anos, o que faria quando estivesse farta, a resposta levou-a a um novo mergulho. "Estava em Singapura e um colega da Korda lançou-me esse desafio, quando eu disse que um dia compraria um bilhete só de ida para África e me dedicaria a ensinar meninas - acredito muito que ensinar mulheres, sobretudo onde são mais pobres, pode ajudar a dar saltos verdadeiramente transformadores." Pilar ouviu então falar pela primeira vez na Big Bloom, iniciativa internacional que junta talentos das empresas para resolver problemas de ONG, ao mesmo tempo que desenvolvem skills de liderança, e não levou mais que segundos a mergulhar de cabeça na organização Hackathons for Good - agora online..Não precisou sequer de se mudar para outro continente. A partir de Portugal, já organizou três edições, a primeira delas para ajudar aquela que se tornou a "sua causa", a Girl Move, depois em benefício da CASA (associação de sem-abrigo) e da Refood. Agora tem em marcha o Youth4Youth, que se foca em jovens para a inclusão..Quanto ao tempo que lhe sobra, Pilar preenche-o da melhor forma: na companhia dos seus. E mesmo tendo redescoberto o coaching em formato remoto, "que é muito diferente de repetir o que se fazia do lado de lá do ecrã", acredita que o toque, o olho no olho, são insubstituíveis.."Não sou casada, não tenho filhos e a gora vivo sozinha, mas não sou de todo solitária. Adoro os meus irmãos e os meus cinco sobrinhos são como meus filhos adotados - e até já tenho duas sobrinhas-netas", alegra-se. Diz ter a sorte de ter ótimas pessoas à volta, com quem gosta de estar, e preserva muito isso. Mesmo tendo, em 2011, trocado os lados ao Tejo, para viver com outra liberdade à beira-mar. Diz que isso a salvou no confinamento. E também lhe reafirmou as prioridades. "Não prescindo dos meus momentos a solo nem da companhia dos amigos com quem gosto de estar, da minha família." É uma pessoa de pessoas. E não tem dúvidas de que "o que move o mundo são as pessoas. As empresas são pessoas e quanto melhores forem e estiverem, quanto mais se descobrirem e libertarem - sem deitar abaixo defesas, que é um cuidado que temos de ter no coaching - melhor para todos"..Mas quando se fala em talentos tem reservas: "Há que definir bem o que é talento." Explica: um talento tem de estar em integração, tem de potenciar o melhor à sua volta e de ser melhorado pelo tecido que o rodeia; caso contrário só irá ser capaz de secar tudo em volta. O talento é útil quando coletivo, quando todos melhoram, quando potencia a transformação positiva. E é nisso que Pilar trabalha todos os dias: na missão de dar a cada pessoa com quem se cruza a capacidade de descobrir como a sua diferença a pode fazer melhor e mais feliz..joana.petiz@dn.pt
Superar-se é a verdadeira missão de vida de Pilar Casquilho. E é isso que a move também a ajudar outros a encontrar as ferramentas para fazerem essa viagem. É a isso que se dedica, como coach, um caminho aonde a levou a vida sem fazer grandes planos. "Esta pandemia mostrou-nos bem que não adianta ter tudo planeado, que não controlamos nada", diz-me, no jardim do Amélia, em Campo de Ourique, com o sorriso a encher-lhe a cara..Pedimos uns Ovos Amélia e uns Benedict com bacon - há de fotografá-los à chegada para guardar a beleza do prato; valoriza as pequenas coisas boas e isso dá-lhe uma felicidade que contagia -, completamos com chá preto e de rooibos para nos temperar a conversa, que arranca como entre amigas..Cresceu pelo país, o que "é ótimo, porque ficamos com amigos em todo o lado". O avô materno era da Teixeira, ao pé da Serra, a avó do Fundão, a família do pai era alentejana e os pais encontraram-se no Barreiro. Pilar viria a passar os primeiros anos de malas aviadas, ao sabor da colocação do pai, funcionário público então responsável por abrir os primeiros centros de saúde nas capitais de distrito. Nasceu em Castelo Branco, o irmão no Faial, a irmã em Évora. Planeavam as deslocações em coordenação com outras duas famílias amigas com tarefas e composição semelhante, e encontravam-se todos no verão para gozar as férias entre amigos, uma espécie de família alargada. Começou a escola em Castelo Branco, prosseguiu em Santarém, mas viriam todos para Lisboa, onde ela e os irmãos vieram fazer a universidade. "Essa experiência deu-me imensa curiosidade e nunca pensei em Lisboa como a coisa mais importante do mundo.".Com clientes dos Estados Unidos à Ásia, todos os dias se levanta pelas 06h00 e pode acabar de trabalhar às 23h00. Mas corre, joga padel, faz ginásio... além dos treinos de apneia, que nunca dispensa (lá iremos). Diz que se tornou coach "totalmente por acaso, como sempre na minha vida". Ri-se e fala com o corpo todo. Conta-me o episódio que a afastou do curso de Direito, que começara em 1975, com a universidade "em clima de campo de batalha dominada pelo MRPP"; andava no segundo ano quando teve uma zanga com um professor que lhe disse que não gostava das ideias políticas que Pilar apresentava e ela acabou a insultá-lo - e a receber a sentença de que nunca voltaria a entrar na faculdade. Ela própria já o decidira e ingressou num curso de turismo e intérprete de línguas, ainda antes de se dedicar à licenciatura em Letras. O pai era especialista em Leis do Trabalho e com o conhecimento dele herdado e a experiência adquirida em Direito e Línguas, Pilar acabou por se empregar como secretária na banca. Rapidamente o Santander a passava ao Chase Manhattan Bank (tinha então 23 anos) que gostou tanto dela que a pôs nos Recursos Humanos e dela fez diretora da área em Portugal..Foi nesses tempos que começou a viajar por toda a parte - e é disso que sente mais falta, desde que a pandemia chegou e lhe roubou a liberdade de ir onde quisesse, de estar com quem lhe apetecia, de estar sozinha por gosto -, de Nova Iorque a Londres, fez a transição da Chase para a lei laboral portuguesa. "Foi muito giro, desafiante, sempre acreditei que nos condicionamos para fazer acontecer." Quando o Chase fechou em Portugal, um colega encaminhou-a para um recrutamento para consultoria - "era no Guincho e eu adoro o mar; felizmente não era para consultores, que é superformal, tudo o que eu não sou, mas para formadores na área de comportamento"..Tímida como era, mas empenhada como sempre, aprendeu as ferramentas para ajudar outros e foi escolhida para integrar a Dynargie. "Adorei esse tempo, porque era outra vez perceber os outros, agora não pelas línguas mas pelo comportamento, e ajudar pessoas a descobrir o seu potencial. Porque cada um de nós tem algo diferente e se ajudarmos a descobrir como abrir essas portas pode potenciar-se.".Foi esse conhecimento que levou consigo quando, com dois sócios, criou a Eurogroup, onde descobriu que o que fazia era coaching. Daí à certificação foi um saltinho. Depois, tornou a largar tudo e em 2008, com 50 anos e um rol de amigos a desaconselhar esse passo, lançou-se de cabeça no que a fazia feliz e fundou uma nova empresa, a TeamView, depois a Power PieCe. Foi ganhando projetos e um levou-a a Angola, de onde trouxe uma malária cerebral que a deixou internada quase um mês: "Foi ótimo; um susto, mas que mudou a minha vida." Quando se curou, pensou que tinha de levantar o negócio, recuperar ímpeto, e repetiu a fórmula que tinha resultado na anterior empresa: foi a Paris falar com Philippe Korda, que era dos seus melhores clientes e um mentor, e propôs-lhe abrir em Portugal a Korda&Company..Ainda antes da malária, foi outro susto que a levou à apneia estática - Pilar diz que é "uma tara": sempre que lhe acontece alguma coisa má, procura o silverline, o bocadinho de bom que isso pode trazer à sua existência. "Há coisas que custam horrores, a morte dos meus pais foi um sofrimento, mas aproximou-me dos meus irmãos", exemplifica, para chegar ao mini-AVC que lhe pôs no caminho a competição por passar mais tempo debaixo de água sem ar. Como é que as coisas se conjugam? Para Pilar, muito naturalmente, na sequência de uma recuperação que lhe exigiu voltar ao que deixara para trás.."Eu estava numa altura muito agitada da minha carreira e afundei em trabalho; tinha saído de um projeto que me tinha levado à Argentina, depois a Nova Iorque, parei uma semana em Lisboa e arranquei para o Brasil. Fumava dois maços de cigarros por dia, não parava, tinha dores de cabeça monumentais, e já tinha mais de 40 anos. Um dia acordei e notei que havia algo estranho." No hospital descobriu que estava a ter um AIT (acidente isquémico transitório), estudado em direto pelos médicos que a assistiram. Agora tinha de abrandar, fazer exercício e deixar de fumar - não o fez por completo mas reduziu a meia dúzia de cigarros e o resto dos conselhos clínicos levou à letra.."Em pequena, queria ser ginasta, até me explicarem que ia morrer à fome se seguisse essa carreira", ri-se. "Então contratei um PT, que por casualidade estava a aprender apneia quando eu cheguei para a aula e me levou a tentar. Saí-me bem, fiz um tempo interessante e ele apresentou-me a um profissional. E descobri que era a única coisa que verdadeiramente me relaxava, a cabeça parava mesmo; nem no ioga o conseguia. Debaixo de água, viramo-nos tanto para dentro que ficamos mesmo tranquilos... ontem saí da piscina às 22h00.".Diz-se medrosa e garante que "não se estica", mas começou nisto aos 48 anos e tornou-se recordista nacional, com um tempo de 5,05 minutos submersa sem respirar. Pratica todos os dias, na piscina e no mar, compete nos mundiais e aplica toda a disciplina que garante não ter na vida pessoal mas de que não prescinde nas atividades profissionais. Entre a curiosidade de entender o que acontece e a vontade de experimentar e testar constantemente os limites, diz que tem feito muitos disparates. Mas a apneia ajudou-a a entender-se e a disciplinar-se - e a fazer por ser sempre melhor..Não se cansa disso, como não se cansa do coaching: "Acho que é este o meu projeto de vida." Mas quando lhe perguntaram, há dois anos, o que faria quando estivesse farta, a resposta levou-a a um novo mergulho. "Estava em Singapura e um colega da Korda lançou-me esse desafio, quando eu disse que um dia compraria um bilhete só de ida para África e me dedicaria a ensinar meninas - acredito muito que ensinar mulheres, sobretudo onde são mais pobres, pode ajudar a dar saltos verdadeiramente transformadores." Pilar ouviu então falar pela primeira vez na Big Bloom, iniciativa internacional que junta talentos das empresas para resolver problemas de ONG, ao mesmo tempo que desenvolvem skills de liderança, e não levou mais que segundos a mergulhar de cabeça na organização Hackathons for Good - agora online..Não precisou sequer de se mudar para outro continente. A partir de Portugal, já organizou três edições, a primeira delas para ajudar aquela que se tornou a "sua causa", a Girl Move, depois em benefício da CASA (associação de sem-abrigo) e da Refood. Agora tem em marcha o Youth4Youth, que se foca em jovens para a inclusão..Quanto ao tempo que lhe sobra, Pilar preenche-o da melhor forma: na companhia dos seus. E mesmo tendo redescoberto o coaching em formato remoto, "que é muito diferente de repetir o que se fazia do lado de lá do ecrã", acredita que o toque, o olho no olho, são insubstituíveis.."Não sou casada, não tenho filhos e a gora vivo sozinha, mas não sou de todo solitária. Adoro os meus irmãos e os meus cinco sobrinhos são como meus filhos adotados - e até já tenho duas sobrinhas-netas", alegra-se. Diz ter a sorte de ter ótimas pessoas à volta, com quem gosta de estar, e preserva muito isso. Mesmo tendo, em 2011, trocado os lados ao Tejo, para viver com outra liberdade à beira-mar. Diz que isso a salvou no confinamento. E também lhe reafirmou as prioridades. "Não prescindo dos meus momentos a solo nem da companhia dos amigos com quem gosto de estar, da minha família." É uma pessoa de pessoas. E não tem dúvidas de que "o que move o mundo são as pessoas. As empresas são pessoas e quanto melhores forem e estiverem, quanto mais se descobrirem e libertarem - sem deitar abaixo defesas, que é um cuidado que temos de ter no coaching - melhor para todos"..Mas quando se fala em talentos tem reservas: "Há que definir bem o que é talento." Explica: um talento tem de estar em integração, tem de potenciar o melhor à sua volta e de ser melhorado pelo tecido que o rodeia; caso contrário só irá ser capaz de secar tudo em volta. O talento é útil quando coletivo, quando todos melhoram, quando potencia a transformação positiva. E é nisso que Pilar trabalha todos os dias: na missão de dar a cada pessoa com quem se cruza a capacidade de descobrir como a sua diferença a pode fazer melhor e mais feliz..joana.petiz@dn.pt