Uma Rapariga Regressa de Noite Sozinha a Casa

A realizadora de ascendência iraquiana Ana Lily Amirpour estreia-se na longa-metragem com referências a Jim Jarmusch e David Lynch. Veja a crítica de Inês Lourenço.
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Inês Lourenço (2/5)

Uma realizadora segue demasiado acompanhada

Ana Lily Amirpour é uma realizadora cheia de referências, por sinal, das melhores: Jim Jarmusch, Abel Ferrara, David Lynch... E embora isso constitua um dado fortíssimo na atração prévia do espectador pela primeira longa-metragem desta iraniana (realizou anteriormente oito curtas), não é decisivo. Com efeito, além das influências de outros cineastas, reconhece-se também um pendor pouco subtil para a citação, que quando utilizada em demasia, pode minar a aridez aparente desta obra inaugural. É verdade que o tecido fotográfico é primoroso, criando um contraste entre o preto e branco relevante para o tom da própria atmosfera fílmica. Há mesmo prazer estético em observar a perfeição de Amirpour: num cenário evocativo da Detroit de Jarmusch, insere-se uma figura simultaneamente estranha e quase gráfica (Persépolis), uma rapariga que - frisando o título -, caminha sozinha à noite na ficcional Bad City (clara menção a Sin City). É vampira, e apaixona-se por um "clone" iraniano de James Dean, a compor a armadura cinéfila.

Em suma, um bom trabalho além-género, que só peca no excesso de pose.

Veja o trailer:

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Título Original: A Girl Walks Home Alone at Night

Realizador: Ana Lily Amirpour

Ano: 2014

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