Uma ponte especial feita de amizade e imaginação

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Uma ponte especial feita de amizade e imaginação

Filme assinala a estreia do animador Gabor Csupo no cinema de imagem real

A associação do realizador húngaro das séries de animação Os Simpsons e Rugrats, e da Walt Disney, numa produção adaptada de um clássico da literatura juvenil dos anos 70, deu origem a um inesperado e belíssimo título de uma categoria que já julgávamos extinta há uns bons anos: o filme de qualidade para adolescentes que pode também ser visto e apreciado pelos adultos.

Numa época em que, no cinema, e em Hollywood em especial, a palavra "juvenil" evoca filmes povoados por adolescentes em défice de massa cerebral, envolvidos em actividades "radicais", sexualmente precoces e guturalmente estereotipados, deparar com O Segredo de Terabithia é como encontrar uma flor rara à beira de uma saída de esgoto. Afinal, ainda há vida inteligente e sensibilidade activa no cinema para jovens.

Realizado por Gabor Csupo, cineasta de animação húngaro radicado nos EUA e um dos nomes principais da equipa de Matt Groening, a partir do livro de Katherine Paterson Ponte para Terabithia (1977), O Segredo de Terabithia é um daqueles filmes que não pode - nem deve - ser contado. Sob pena de se cometer o crime de estragar a fruição ao espectador, e de não se fazer jus à sua riqueza e reverberação emocional.

Chega dizer que em O Segredo de Terabithia os efeitos especiais que importam não são os digitais (apesar de os haver, e apenas nas alturas certas), mas sim os que emanam das características das personagens e dos actores que as interpretam (destaque para o par Josh Hutcherson/AnnaSophia Robb); e de uma história que trata os mais jovens como gente tangível e sensível, em vez de bonecos mecanizados, consumistas e ocos de complexidade, e conhece bem o seu mundo íntimo de relações, sentimentos e cumplicidades.

O Segredo de Terabithia é um elogio da imaginação, das afinidades especiais e da amizade, que apesar de entrar fantasia adentro, nunca deixa de ter os pés bem assentes na realidade. Mesmo quando esta nos estilhaça a vida com uma tragédia.

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