Uma plataforma que cruza quem precisa com quem pode ajudar com compras no bairro
Aquela vizinha velhinha que já raramente sai de casa precisava de fruta; o rapaz que acabou de se mudar para o bairro não sabe onde comprar verdes para a salada; e você já ia passar pela mercearia da D. Joaquina, que tem os melhores frescos, e não lhe custa nada levar as encomendas. Pelo contrário, ainda faz uns trocos com a entrega.
O exemplo é uma simplificação do conceito em que assenta a Shopopop, criada em França e que chega agora a Portugal, prometendo facilitar sistemas de delivery a qualquer tipo de loja, chegando as compras aos clientes em apenas duas horas.
É muito simples, explica João Sanches, country manager em Portugal: "Nós angariamos uma rede de particulares disponíveis para fazerem entregas nos seus próprios carros à volta de cada loja. Como as entregas são agendadas, a comunidade usa as suas deslocações na cidade e os tempos livres como uma forma de obter um rendimento extra. Todas as lojas que precisem de fazer entregas no próprio dia num raio de 20 km podem solicitar para que um shopper faça a recolha e a entrega ao cliente na janela horária agendada."
Com a promessa de revolucionar o sistema de distribuição e logística do mercado nacional, através da tecnologia e das relações pessoais entre vizinhos, a Shopopop é a primeira empresa de entregas colaborativas ao domicílio a atuar no nosso mercado, arrancando em Lisboa, Montijo e Setúbal.
A decisão de vir para Portugal - que resulta de um investimento levantado de quatro milhões de euros para a expansão europeia, que nesta fase passa também por Itália - foi tomada no final de 2019, ainda antes do primeiro lockdown, conta João Sanches ao DN/Dinheiro Vivo, e se a pandemia influenciou de alguma forma esse passo foi para apressá-lo. "Acelerou o crescimento e entretanto já abrimos também na Bélgica e no Luxemburgo."
"Portugal está ainda um pouco atrás da média europeia de entregas ao domicílio, mas com a crise pandémica espera-se uma estabilização das compras online de supermercado em 5%, três pontos percentuais acima de 2019, pelo que este é o momento certo para entrar neste mercado", assume o country manager, que arranca com uma equipa de quatro pessoas, mas quer duplicá-la em breve.
Para isso contará muito o objetivo assumido de "conquistar a confiança do grande retalho alimentar e do retalho especializado" no país. No arranque da operação, a empresa conta já com parceiros como as lojas Minipreço, E.Leclerc, Meu Super e Horto do Campo Grande, além de pastelarias e mercearias de bairro, garantindo entregas em casa de todo o tipo de encomendas transportáveis num carro particular. E não garante apenas serviços de ship from store (entregas ao domicílio a partir da loja), mas também store to store, "assegurando o transporte de stock entre superfícies comerciais, num raio de 15km - pelo que se torna numa solução económica para o problema associado à last mile, onde se concentra 40% do custo total da logística".
Na sua França de origem, a Shopopop trabalha já com grupos como o "Intermarche, E.Lecler, Carrefour, U-Drive, Auchan, Decathlon ou Leroy Merlin, oferecendo entregas no próprio dia a mais de 1600 lojas".
E porque é que esta plataforma de entregas colaborativas é diferente dos demais serviços de entregas que já aqui temos? João Sanches não tem dúvidas das vantagens da marca que representa. "Nós não concorremos com as apps de marketplace + delivery. Somos um serviço que permite que qualquer loja com os seus próprios canais de venda (loja, e-commerce, redes sociais, etc.) disponha de serviço de entregas para qualquer slot horária agendada, duas horas após o registo do pedido. O slot-based-delivery garante a experiência perfeita para quem compra online - até hoje apenas possível em superfícies com grandes volumes de entregas diárias, mas que com a rede da Shopopop fica disponível, independentemente do volume, para qualquer loja." Incluindo entregas aos fins de semana e feriados.
Garantindo já cerca de 130 mil entregas mensais nas cidades onde está ativa, o bónus desta plataforma é que fica a conhecer melhor os seus vizinhos de bairro, enquanto facilita e promove também o comércio local. "Em França, 20% dos supermercados já oferecem entregas colaborativas. Será interessante ver o quão rápido alcançaremos esta penetração nos novos países", diz João Sanches.