Uma reportagem sobre crianças de um bairro de lata em férias, outra reportagem sobre a importância do serviço cívico, um desmentido, um acidente de viação, a criação na Finlândia de um comité de solidariedade para com Portugal, a ameaça de Kissinger de expulsar Portugal da NATO, o PCP a denunciar "uma escalada reaccionária no Bombarral", o manifesto apoio da viúva de Allende ao MFA... Assim se fez a edição do DN de 16 de Agosto de 1975. Um dia morno a reflectir o feriado da véspera, com a abertura da caça, em que "as rolas e os patos pregaram uma partida". A saber "rolas e patos pregaram uma grande partida aos caçadores no dia em que estes, minuciosamente, se tinham preparado para uma abertura de caça em cheio. Vai daí, não apareceram. Ou quase. Foram abatidos, apenas os que se distraíram um tanto, pagando com a vida esse lapso...".Em pleno Verão, fica ainda a notícia - quase escondida no fim do jornal - de que "aumentou o número de turistas oriundos dos países socialistas". É o título. Desmontando os dados, e tentando responder à questão "Quem tem medo da revolução portuguesa?", conclui-se que os mais medrosos foram os americanos. Conclui-se ainda que, entre Janeiro e Julho, houve uma diminuição de 30 por cento no número de turistas comparativamente ao mesmo período de 1974. Foram 868 960 os estrangeiros que visitaram Portugal nesses seis meses de 1975. Uma queda que, segundo o artigo, reflecte "a crise geral que o turismo atravessa no mundo, devido ao desemprego e ao encarecimento dos combustíveis." Era o país e o mundo em 75.......Na altura em que chegam a Portugal os refugiados de Timor. A situação naquele território degradava-se dia após dia "Um comunicado oficial declara que se receiam actos de violência contra a União Democrática de Timor (UDT), que ocupou pontos estratégicos em Díli, em apoio do seu ultimato para que seja concedida imediatamente a independência ao território.".A machete, no entanto, recaiu sobre um acontecimento inédito. Pela primeira vez "O Directório reuniu-se com o Governo". Foi uma reunião "entre as 10 horas e as 14 e 30, no Palácio de Belém", tendo-se esclarecido que "ao nível das Forças Armadas está em curso um esforço com vista a superar os problemas que se têm verificado e garantindo, dentro do mais breve prazo, a unidade indispensável no seio das Forças Armadas como garante da autoridade revolucionária.".No contexto desta notícia, publicou-se um desmentido. "O Expresso mente, acusa o Gabinete do primeiro-ministro". Em causa está a edição do dia anterior daquele semanário que se refere várias vezes ao dito gabinete "de forma mentirosa". "É mentira" que o gabinete do primeiro-ministro tenham colaborado na difusão do Documento do COPCON. "É mentira", também, que "um homem do seu Gabinete e confiança, o oficial marinheiro Lopes Mendonça, tivesse estado em Braga aquando dos acontecimentos que envolveram o saque e destruição das sedes de organizações progressistas". E o rol de alegadas mentiras prossegue....O processo revolucionário estava "num período de crise perigosa", acusa Álvaro Cunhal em entrevista a um jornal alemão.