Uma orquestra ao encontro de Mozart

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A Orquestra do Século XVIII dá este fim de tarde (19.00), no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, o pontapé de saída de mais um ciclo das Grandes Orquestras Mundiais, organização conjunta da Fundação Gulbenkian e do BPI.

Tal como nos dois concertos que fez no São Carlos em Fevereiro último, a Orquestra do Século XVIII vai uma vez mais assinalar a efeméride mozartiana, com um programa todo ele dedicado a populares obras de Mozart (1756-1791).

Na primeira parte, escutam-se três obras contrastantes: o Divertimento em ré M, KV136, em três andamentos, originalmente para quarteto de cordas; o Concerto n.º 3 para trompa e orquestra, em mib M, KV 447, que terá como solista (em trompa natural) o chefe desse naipe na orquestra: Teunis van der Zwart; e o motete (cantata) Exsultate, jubilate, em fá M, KV165, que ouviremos na voz da soprano britânica Carolyn Sampson.

A preencher a segunda parte, a Sinfonia n.º 40, em sol m, KV550. Dirige o fundador e director desta orquestra, o holandês Frans Brüggen.

Diga-se, do Divertimento, que ele foi escrito no início de 1772, em Salz- burgo. Os concertos para trompa pertencem já à década vienense de Mozart e tiveram todos eles em mente o trompista e comerciante Joseph Leutgeb, uma amizade dos tempos de Salzburgo (Leutgeb era muito amigo dos Mozart) que se manteria até à morte do compositor. Este terceiro concerto, o mais conhecido dos quatro que Mozart escreveu, tem uma data de composição incerta: algures entre 1784 e 1787. Presentemente, a última data parece ser a que reúne maior verosimilhança, o que tornaria esta obra contemporânea dos Quintetos de cordas, Kv515 e 516 e do Don Giovanni, por exemplo.

Já em relação ao motete, não há quaisquer dúvidas: foi estreado a 17 de Janeiro de 1773, na igreja de Sant'Antonio Abate, em Milão, pelo seu comanditário, o famoso castrato Venanzio Rauzzini (1746-1810), o qual, três semanas antes, estreara o papel protagonista do Lucio Silla, terceira ópera milanesa de Mozart.

Para lá da curiosidade de ouvir uma trompa natural como solista de concerto, a grande atracção desta noite é a presença de Carolyn Sampson, uma das mais recentes coqueluches do canto inglês. Já descrita pela Gramophone como "a melhor soprano inglesa de música antiga, e com considerável avanço", Sampson tem brilhado nos palcos de ópera em papéis de Monteverdi, Purcell, Händel, Stradella, Gluck, Mozart, Donizetti, Offenbach e Britten. No repertório de concerto, é muito requisitada para oratórias de Händel e para as Paixões de J.S. Bach, mas também para Britten, Stravinsky e Monteverdi. Um dos vários discos seus editados este ano contém a gravação do motete que irá cantar hoje.

O próximo concerto deste ciclo é a 6 de Novembro, de novo na Gulbenkian: Philharmonia Orchestra, maestro Charles Dutoit e pianista Mikhail Pletnev num programa Sibelius-Grieg-Tchaikovsky.

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