Uma menina de nome Deolinda que tem dado muito que falar

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Música. A estreia de uma banda que cruza fado com pop

'Canção ao Lado', o primeiro disco, já está disponível, e a ser tocado em muitos palcos

Deolinda. Podia ser uma menina de um bairro popular lisboeta com gosto pelo fado, pelas sardinhas e pelas marchas. Mas seria redutor vê-la dessa maneira. Afinal, esta é uma das personagens que mais deu que falar nos últimos dois anos no círculo de nomes ainda sem disco editado.

A história desta rapariga tem raízes em dois grupos que também escreveram a sua história: os Lupanar e os Bicho de 7 Cabeças. José Pedro Leitão, o contrabaixista, lembra que "tudo começou em 2006 com duas ou três canções". O projecto foi para a frente porque "os temas tinham pernas para andar". De princípio, desenhou-se uma personagem "feminina, lisboeta e suburbana", conta a vocalista Ana Bacalhau, que é quem acaba por encarnar a própria Deolinda. O destino fê-la cantar "histórias de relações e observações do dia-a-dia", explicou ao DN o guitarrista Pedro da Silva Martins, responsável pelas letras. "Tenho dificuldade em escrever poesia. É muito interessante a utilização de expressões populares. É essencial para aproximar o nosso universo das pessoas."

A infância de Deolinda "foi muito agitada", lembra Ana Bacalhau. "Vínhamos de outros projectos. Queríamos simplicidade. Tivemos logo uma boa recepção que com as outras bandas nunca tínhamos obtido." Neste processo, "fenómenos como o MySpace e o YouTube foram muito importantes", recordou ainda a voz do colectivo.

Por outro lado, palcos como o Maxime, o Avante ou o festival Sons em Trânsito marcaram decisivamente a infância desta menina, ilustrada por André Carrilho no booklet do disco. Pedro da Silva Martins lembra "a experiência de tocar com Sérgio Godinho", como a mais marcante dos primeiros dois anos de vida.

Canção ao Lado "é um pano de fundo da personagemonde todas as influências estão ao lado", justifica José Pedro Leitão, também ele um ex-Lupanar. Quanto ao espírito fadista, Pedro da Silva Martins é da opinião que "aparece no som da Deolinda tal como a música tradicional e a popular", ou seja, como uma referência entre outras.

Apesar do álbum ter entrado directamente no top e de diversos concertos terem esgotado, Ana Bacalhau não tem problemas em assumir que a Deolinda "foi pensada para espaços pequenos". Contudo, já este ano vão ter hipótese de se apresentarem pela primeira vez no festival Sudoeste e em Sines.

Ana Bacalhau não tem preferência por tocar numa sala ou num amplo espaço aberto embora defenda que "certo tipo de adereços têm uma aplicação mais fácil em auditórios". Por exemplo, a mesa de cabeceira com um retrato. Canção ao Lado já está disponível e é sério candidato a ser uma das grandes revelações musicais de 2008.

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