UMA LEVE BRISA
No sítio oficial do América de Minas na Net há pouca informação sobre Euller, atacante de 36 anos, também chamado "O Filho do Vento". Não tirei de lá a notícia de que Euller Elias de Carvalho pode ir ventar maravilhas para outro lado, assim as pernas lho permitam. Euller diz que quer um "contrato firme", caso contrário fica em Belo Horizonte, onde se sente bem. É mais perto da Felixlândia natal, nome estranho que não puxa a corda da fantasia para Eólia, a ilha flutuante da mitologia, apenas homenageia um padre que deixou saudades.
Consta que, nos tempos de glória, Romário exigia que contratassem Euller para jogar a seu lado. "O Filho do Vento", campeão em 2000 pelo Vasco, conheceu a fama, também, ao serviço do Palmeiras e, com Zico, no Japão, e vestiu três vezes a camisola da selecção. Este palmarés torna plausível que tenha três propostas de contrato de vários clubes do Brasil. Puxo o caso de Euller para a crónica, no Dia Europeu do Vento que hoje se assinala, porque a brisa de um nome cruza facilmente o mar mesmo que Euller não colha de Eolo os favores no fim de carreira. O América-MG, que é um clube fundado por crianças da elite mineira, não devia abrir mão de um jogador com este préstimo e com este apelido. O mais belo do futebol brasileiro. Ainda que nascido de uma tirada de Galvão Bueno, o famoso relator da Globo, de quem os detractores dizem que "ensinou Tarzan a gritar".
Rádio Itatiaia
Há tempos, Euller foi interrogado sobre a origem do apelido "O Filho do Vento" que enchia a boca do desbocado Galvão Bueno, nos relatos da Rede Globo. Euller prefere anichar o apelido (que adoptou com orgulho no sitio oficial www.filhodovento.com.br) nas ondas da Rádio Itatiaia, fundada por um outro repórter desportivo, Januário Carneiro, na pequena cidade de Nova Lima. Diz-se que a primeira iniciativa de Tancredo Neves, fervoroso adepto do América-MG, após a eleição presidencial, foi convidar Januário para um almoço. A Itatiaia foi a única rádio mineira a acompanhar a viagem de Tancredo à Europa. E foi aquela que jamais o abandonou, ficando célebre a permanente cobertura dos longos dias de agonia do mais famoso adepto do América. Assim sendo, peço licença para, evocando a rádio filha do vento, repetir os cartazes que com frequência mandavam calar Galvão Bueno. Romário disse uma vez, referindo-se ao relator: "Calado... é um poeta." Cala a boca, Galvão!
Um golo do filho do vento
Seja em Belo Horizonte. Mas, tal como, há dias, a mão de Messi ajudou à festa, repetindo a de Maradona, assim Euller possa colher do vento a inspiração para o mais belo golo do seu crepúsculo como jogador. Ninguém como ele merece um golo filho do vento. Há golos assim. Lembro-me de Michael Owen ter dito que o golo solitário de Inglaterra frente ao Azerbaijão, na qualificação para o Mundial de 2004, foi um golo do vento. Owen mereceu a braçadeira de capitão que exibiu nesse jogo de Baku, na ausência de Beckam. Enaltecendo a excelência do passe de Ashley Cole, Owen não negou a intencionalidade do remate. Isso, disse ele, explicava meio golo. O outro meio foi marcado pela direcção do vento. Escrevo sob rumores de que Owen está de partida do Newcastle. Em busca de Eólia, a ilha flutuante? |*TSF