Uma ilha: Morro de São Paulo,Tinharé
Está situada a 308 km a sul de Salvador da Baía Morro de São Paulo é o seu pólo turístico Os restaurantes, esplanadas e pousadas estão à beira-mar À noite, a diversão é na praia A mão do homem ainda não lhe roubou os encantos naturais
Situado na ilha de Tinharé, a sul de São Salvador da Baía, no Brasil, o Morro de São Paulo oscila entre a tranquilidade da natureza no seu estado mais puro e a modernidade. Não a modernidade dos prédios altos ou dos luxuosos hotéis. Não a modernidade dos casinos, das discotecas sumptuosas, das vias rápidas ou das estradas alcatroadas. Nada disto existe no Morro de São Paulo, um lugarejo situado a norte da ilha, onde se vive na praia, da praia e com a praia, de manhã à noite.
Falo de outra modernidade. Mais serena, mais primitiva, mais compatível com as características de uma ilha de praias próprias de postal, de gente simples e despojada.
O Morro, principal pólo turístico da ilha, tem pousadas, muitas, tem resorts, alguns, tem esplanadas, restaurantes, casas de câmbio e até cibercafés, a maioria geridos por estrangeiros que para ali se mudaram em busca de uma vida sem stress. Mas a obra do homem ainda não furtou à ilha os seus encantos naturais e tudo se encaixa na paisagem de origem como se sempre lá tivesse estado. Passar férias no Morro é quase como integrar, por uns dias, uma nova família. Poucas horas são necessárias para se ficar a conhecer quem lá vive ou quem lá passa. O convívio surge como um prolongamento do bilhete do catamarã que apanhamos na Baía para lá chegar.
Conhecemos o Gabriéu logo no dia que chegámos. Era ele que servia na mais badalada esplanada da segunda praia, aquela onde a galera se reúne de dia e de noite. Pedimos casquinha de siri, lagosta, saladas, petinga, água de côco e, claro, as caipirinhas. Os pés enterrados na areia, o mar a escassos dez metros, a capoeira e o voleibol de praia como espectáculos de fundo. Atrás de nós, as pousadas, todas em fila, construídas no extenso areal, que à noite se transforma em pista de dança. Foi num dos luáus, que acontecem todas as noites, que conhecemos o Noéu, um nativo rápido de raciocínio e de objectivos firmes proprietário de um dos muitos carrinhos de caipifrutas que por ali estacionam. Vendia caipirinhas de tudo. De manga, de pêssego, de cupuaçu e até de cacau. A galera enchia o areal, de copo na mão, dançando ao som de músicas populares brasileiras. Gabriéu também lá aparecia, antes de ir dançar o arrocha para o bar Toca do Morcego, situado na vila, junto à primeira praia.
Ainda há a terceira praia, com mais pousadas, plantadas a cinco metros do mar, e a quarta praia, a nossa preferida, a mais selvagem, com piscinas naturais de água verde pejadas de peixes coloridos. Era para lá que íamos, a pé, todos os dias, apesar dos mais de três quilómetros de distância. Mas ao final do dia voltávamos à esplanada do Gabriéu. "Oi galera."
No Morro vive-se na praia, da praia e com a praia. De chinelos nos pés e sem pressas... Amanhã: Sardenha