Uma ilha: Corvo O sossego mora no meio do Atlântico
Se procura umas férias animadas, diversão nocturna e muito por onde escolher... esqueça o Corvo. Paz, sossego e descanso rimam bem melhor com a mais pequena das ilhas dos Açores, seguramente a mais isolada comunidade habitada do território português. Uma circunstância que dá à ilha muito da sua singularidade.
Com a beleza natural como o grande atractivo dos 17 km2 que constituem o Corvo (convém não sofrer de síndrome de insularidade, em nenhum momento é possível esquecer que está numa ilha), o ex-libris corvino é o Caldeirão - a cratera do vulcão que deu origem ao Corvo. Com quase quatro quilómetros de perímetro e trezentos metros de profundidade, onde se destacam duas lagoas e pequenas ilhotas, é uma imagem que não se esquece. Um senão: não é raro a nebulosidade ocultar a vista do Caldeirão. Outra visita obrigatória é ao Monte Grosso, o local mais alto do Corvo, com 770 metros de altitude, um ponto de observação privilegiado sobre o Caldeirão.
Voltando a descer em direcção à vila do Corvo - e não há que enganar, a ilha tem uma única estrada, com pouco mais de sete quilómetros -, a pequena localidade merece também um passeio. Casas baixas, ruas estreitas que se espraiam pela encosta (chamadas localmente de canadas), sempre com o Atlântico como pano de fundo. É também a oportunidade de tomar contacto com um povo singular. Muito embora não seja fácil a um visitante ocasional "aculturar-se", não espere qualquer dificuldade no Corvo - qualquer que seja, terá sempre a ajuda dos habitantes.
Comunidade marcada pelo isolamento geográfico (mas longe de ser uma população isolada do mundo), as gentes do Corvo ganharam fama de coragem há séculos, quando enfrentaram - e venceram - corsários e piratas que tentaram incursões na ilha. À parte este registo histórico, o Corvo não conheceu guerras, como hoje não conhece nem a opulência nem a indigência. Com um fortíssimo sentido comunitário, as poucas centenas de habitantes vivem sobretudo da agricultura e da criação de gado - as vacas são uma imagem omnipresente na paisagem corvina.
Com uma aposta mais forte no turismo, nos últimos anos, a ilha criou entretanto algumas infra-estruturas no sentido de aumentar a oferta aos visitantes - que, em muitos casos, se limitam a uma estada de poucas horas na ilha, visitando-a como ponto de escala nas viagens de barco feitas a partir das Flores. Quem quiser ficar dispõe, actualmente, de uma residencial. E os serviços são à escala daquela que é a mais pequena ilha dos Açores - um restaurante, dois cafés, um bar... Se se cansar de tanto sossego e descanso, a única empresa do Corvo dedicada ao turismo promove viagens de barco em redor da ilha, observação de cetáceos e mergulho.
Já quanto a edificações, os pontos de interesse não vão muito além da Igreja de Nossa Senhora dos Milagres (padroeira da ilha), reedificada em 1755, e dos moinhos típicos do Corvo (actualmente, há três ainda em funcionamento).