Desde ontem, háum realizador americano que se pode gabar de ter aquilo que mais nenhum colega e compatriota tem uma estátua na Europa. .Foi ontem, em Oviedo (Espanha) que Woody Allen, acompanhado da família, assistiu à inauguração da estátua em sua honra, que o representa como se estivesse num dos seus muitos filmes passados em Manhattan..É que a Europa adora, venera, aplaude Woody Allen, faça o que ele fizer um filme, um solo de clarinete na New Orleans Jazz Band (que anda justamente em digressão pelo Velho Continente - ver texto principal), uma simples volta pelas ruas de uma cidade. .Em Itália, por exemplo, o rea-lizador mal consegue passear, de tão apertado que costuma ser pelos entusiásticos fãs locais - facto registado pelo documentário Wild Man Blues, de Barbara Kopple..E como na sua pátria, os EUA, Woody Allen já deixou há muito de ser uma figura de culto, e os seus filmes já não fazem boas bilheteiras nem ele os consegue financiar com a facilidade e a liberdade de outros tempos, foi para a Europa - mais precisamente para a Grã-Bretanha - que se virou, para conseguir continuar a filmar com regularidade, bons orçamentos e sem constrangimentos..Instalado com a família em Londres, e de posse de um generoso contrato com a BBC Films, a divisão cinematográfica da estação britânica, Woody Allen já rodou dois filmes em Inglaterra. O primeiro, que só realiza, Match Point, um drama policial que parece ter sido inspirado pelo fantasma de Patricia Highsmith, abriu fora de competição o Festival de Cannes este ano e foi nomeado para quatro Globos de Ouro (estreia-se em Portugal já no dia 19 de Janeiro). .O segundo, Scoop, uma comédia com jornalistas, que realiza e interpreta, está em fase de pós-produção. E há planos para um terceiro, em 2006 (a seguir, Allen poderá ir rodar a Espanha e a França)..Apesar de filmados em Inglaterra, com dinheiro inglês, elencos e equipas técnicas maioritariamente inglesas, quer Match Point, quer Scoop são tutelados pela nova musa americana de Woody Allen, Scarlett Johansson. .Realizador e actriz são só elogios um para o outro. Na conferência de imprensa de Match Point em Cannes, só faltava a Allen brilhar quando falava em Johansson. E Johansson não se cansa de repetir a quem quer que fale "a sorte imensa que é trabalhar com um realizador como Woody Allen"..O autor deManhattan também não poupa encómios ao sua nova cidade de residência e trabalho "Londres é como Nova Iorque. São dois grandes centros metropolitanos cheios de cultura, museus e teatros e restaurantes e trânsito e pessoas de todas as raças", disse à bbc.news. E acrescenta: "Quando era jovem, idolatrava a indústria cinematográfica britânica." .Hoje, essa indústria retribui-lhe a admiração. E Londres é a sua Manhattan substituta.