UMA D. BRANCA À ESCALA MUNDIAL
James Madoff, 70 anos, um dos nomes mais proeminentes em Wall Street, ainda quis pagar primeiro 200 a 300 milhões de dólares em prémios a alguns dos empregados e certos amigos, mas já não teve tempo, porque os dois filhos o denunciaram antes à polícia depois de descobrirem que estavam na penúria. O próprio Madoff, antigo presidente do Nasdaq, um judeu bem conhecido pela sua actividade de caridade e cívica sobretudo junto de instituições ligados à comunidade judia, como a Universidade de Yeshiva, confessou de imediato aquilo que na América se chama o "esquema Ponzi", do italiano que nos anos 20 se lembrou de um esquema em pirâmide que acabou como acabam todos os géneros de D. Branca, que é o exemplo que temos mais próximo: em sangue e lágrimas.
"Arruinados", diz a primeira do NY Daily News, contando a história de uma família que perdeu 85% do milhão de dólares que tinha investido na firma de Maddox. "Mundo de dor", é o título do New York Post, dando conta de que os 50 mil milhões que alegadamente estavam investidos pela firma incluíam grandes bancos e fundos do Japão, da Suíça e de muitos outros países. Como a Espanha, por exemplo, cujos bancos nunca estão longe destas coisas. "Banco de Espanha investiga impacto da fraude de Madoff", diz o El Mundo ao alto da primeira página, tal como o El País. É que, segundo este, três mil milhões de euros de instituições e grandes famílias espanholas estariam sob administração de Maddox. Neste tempo em que não há boas notícias da indústria financeira, o que mais custa a perceber é como essas grandes instituições também se deixaram levar. Maddox fazia-se caro, era preciso meter cunhas para que ele administrasse dinheiro na sua firma com 40 anos de actividade. Mas os seus colegas admiravam-se como ele conseguia sempre grandes retornos, estivessem os mercados em alta ou em baixa. Ele já explicou: "Era tudo uma grande mentira. Pagava a uns quando outros metiam cá dinheiro." É que os apertos no crédito obrigaram muitos clientes a pedir o dinheiro de volta. Não havia.