Uma curadora portuguesa na catedral da história natural
"Gosto de Londres, mas gosto por causa do museu. Ser curadora era um sonho, ser curadora de conchas, então...", diz Andreia Salvador. "E pagam-me", ri-se. Tem 37 anos e é uma das três pessoas do departamento de moluscos do museu de história natural de Londres. Um acervo de cerca de 9 milhões de exemplares, incluindo aquelas que foram apanhadas por Charles Darwin para o seu amigo Charles Lyell, as que vieram das expedições de Cook ou do Dr. Livingstone. O número já não impressiona a portuguesa. A zoologia do museu contabiliza 30 milhões de exemplares.
No seu escritório, junto a uma biblioteca sobre moluscos, rodeada de armários, Andreia abre uma porta, depois uma gaveta, retira uma concha e mostra ao DN e a um investigador que está a trabalhar nesse momento a etiqueta amarela do tempo. "Para o professor Owen do Dr. Livingstone com cumprimentos", diz a inscrição. Está lá também a inscrição em inglês: concha do lago Argani. E a data de entrada no museu: 57.7.4. Isto é: 4 de julho de 1857.
Owen é Richard Owen, o homem a quem se deve construção do museu no local onde está, na zona de South Kensington, na capital britânica, construído de raiz para albergar um acervo demasiado grande para estar no British Museum.