Uma caixa para tentar descobrir quem é Eminem
É sabido que o hip hop é um meio em que a longevidade não domina. São raros os rappers que conseguem manter relevância artística e captar a curiosidade do público quando a idade se começa a afastar cada vez mais da jovialidade. Passados mais de 15 anos desde que lançou o seu primeiro álbum, Eminem tem conseguido, pelo menos, manter níveis de popularidade invejáveis (o seu último álbum, The Marshall Mathers LP 2, de 2013, ultrapassou os 4,3 milhões de cópias vendidas só em território norte-americano). Agora, o rapper, que em tempos foi o grand enfant terrible da cultura pop americana, reúne toda a sua discografia (deixando apenas de parte Infinite, disco que lançou por uma editora independente em 1996, mas que o próprio renega) numa caixa especial com dez discos de vinil que voltam a mostrar o quão singular é Marshall Bruce Mathers III (o seu nome civil).
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A sua obra mostra que não é fácil categorizar a relevância e as possíveis implicações das ações de Eminem. Não raras vezes explorou nas suas canções uma atitude violenta, misógina e homofóbica, recriando consecutivamente como assassinava a própria mãe e a ex-mulher. Mas o seu virtuosismo enquanto letrista, que o levou a ser elogiado pelo Nobel da Literatura Seamus Heaney, mas também a sua habilidade verbal, brincando com as palavras e a sua capacidade de rima como poucos, tem também merecido fervorosos elogios, mesmo daqueles que no início da sua carreira o olharam de lado por verem um rapaz branco de Detroit a querer entrar no mundo do hip hop.