"Uma Aventura na Madeira" que até vai ao centro da Terra
"Faltam 5 segundos para começarem as férias!" O início desta Uma Aventura na Madeira soa a verdadeira música para os ouvidos para o público infantojuvenil a que se destina. Esta é já a 58.ª história das gémeas Teresa e Luísa, sempre com os seus amigos Pedro, João e Chico. E, desta feita, o Caracol e o Faial ficaram no continente, afastados dos seus donos, que partem para esta aventura depois de participarem num encontro de desporto escolar na Ilha da Madeira.
Timor, Cabo Verde, Amazónia são algumas das paragens mais longínquas por onde o grupo já andou e a Madeira surgiu de uma oportunidade que se colocou às autoras, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. "Há algum tempo que queríamos fazer [Uma Aventura] na Madeira e quando no ano passado surgiu um convite para visitarmos 22 escolas da Madeira, foi a oportunidade de visitarmos a ilha juntas", explica Ana Maria. Isto porque, refere, "vamos sempre juntas aos sítios onde se passa a história". Já conheciam a ilha, mas numa perspetiva turística.
Juntas, foram em busca dos cenários "que pudessem ser sugestivos para uma aventura", sem esquecer alguns pontos turísticos, "porque se não ficava uma coisa falsa". É assim que para além dos tradicionais e sobejamente conhecidos carros de cesto, surge a floresta de laurissilva e as grutas de São Vicente - "que têm assim um ar de Viagem ao Centro da Terra", especifica Ana Maria.
Como "na Madeira há flores e plantas magníficas que não há em mais parte nenhuma, pensámos que seria engraçado isso ser o prato forte do livro. E há muitos licores, sumos e elixires próprios da, daí incluirmos alguém que procure o elixir do amor, convencido que o vai encontrar. Mas não é procurar de qualquer maneira, é com uma receita antiga e uma convicção de ferro que aquilo vai funcionar".
Pesquisa feita no local, a escrita aconteceu nas férias de verão, altura em que as duas autoras se reúnem na casa de Ana Maria para escrever. Tal como aconteceu numa primeira quarta-feira de janeiro de 1982, é Ana Maria que tem a caneta na mão. E explica o processo: "num dia escrevemos um capítulo ou meio capítulo, fica de pousio, e na vez seguinte em que estamos juntas, que pode ser no dia seguinte ou daí a dois dias, lemos em voz alta o que escrevemos". Apesar dos 34 anos de parceria, "muitas vezes os capítulos vão para o caixote do lixo e voltamos ao início..."
Tudo começou quando eram professoras e muitas vezes não conseguiam encontrar textos para dar nas aulas. Solução: passaram elas a escrever os textos. Criarem uma coleção foi o passo seguinte: aventuras pareceu-lhes o género mais atrativo e acabaram por se inspirar em alunos seus para as personagens. Já perderam o contacto com os rapazes, mas ainda mantém a amizade com as gémeas.
"Quando começámos a escrever, a ideia das personagens era que fossem todas muito diferentes formando um grupo que precisava uns dos outros, acabando por perceber que em conjunto conseguiam vencer", diz Isabel Alçada.
Nada de descrições extensas e pormenorizadas. Esta é uma das regras de ouro que a dupla de autoras tem bem clara quando escreve os livros da coleção. Mas há mais: "o ritmo da leitura tem que lhes permitir viver os acontecimentos e ir dando a informação que lhes desperte a curiosidade, nunca temos bandidos simpáticos e os criminosos são sempre castigados", enumera Isabel Alçada.
A próxima aventura deste grupo de amigos já tem o local escolhido: será em Conímbriga. Mas ainda é cedo para saber mais. A pesquisa no local deverá ser feita nas férias da Páscoa e só depois, mais para o verão, a história ganhará forma.