Um triste orçamento triste
Foi com uma grande tristeza que recebi o orçamento de Estado para 2024.
Depois de um ano com um enorme excedente de receitas, essencialmente resultantes de uma extraordinária arrecadação de impostos, naturalmente pagos por todos nós, esperava ver o governo apostar num futuro diferente, em que se tratam bem os cidadãos, em que se prepara o país para crescer e em que investe numa economia forte que sirva as pessoas.
A par deste excedente de riqueza, que nenhum mérito houve para o conseguir, este seria também o ano da aplicação do sebastiânico PRR, que permitiria melhorar todas as condições dos vários setores da economia portuguesa e do bem-estar social dos portugueses.
Pelo contrário, recebemos a proposta de um orçamento absurdamente ideológico que vai deixar o país mais pobre, com pior habitação, com pior ensino, com pior saúde e com empresas mais fracas e vulneráveis.
A manhosa forma de reduzir alguns impostos aumentando outros e obtendo um maior crescimento da fiscalidade nacional, usando ideias utópicas - acabando por prejudicar sempre aqueles que mais necessitam - e a promoção da subsidiação como meio fácil, criando dependência em vez de procurar solucionar verdadeiramente o problema de cada um, é a assunção clara da incompetência de um governo.
Um governo que, pela sua descredibilização total, já poucos consegue convidar para ministros, que sejam competentes, baseando-se em gente partidária de muito pouca cultura e saber, que não se preocupa com os outros, mas apenas consigo mesmo.
Assim, vem o governo muito ufano defender a subida do salário mínimo para 820 euros, em vez de se preocupar em promover um salário digno para todos os que trabalham.
Quem pode acreditar que vale a pena trabalhar uma vida inteira para receber um valor que não permite pagar os custos do dia-a-dia, pagar a formação dos seus descendentes e investir minimamente no seu desenvolvimento cultural, social pessoal e profissional?
Por que não quer o governo promover a criação de riqueza e a sua distribuição de forma a dar aos portugueses um nível de vida digno?
Eu acredito que não é por falta de vontade, é tão só por falta de saber.
Defendo que devemos sempre tratar os outros com o respeito pelo Bem Comum: o que é de todos é sempre mais importante daquilo que é de cada um.
Defendo que a criação de riqueza deve ser sempre um objetivo essencial, como defendo que a sua distribuição deve ser garantida.
Defendo que a participação de todos na causa pública deve ser incentivada e que as decisões sejam sempre tomadas usando o princípio da subsidiariedade.
E sempre defendi que o país deve promover sempre a solidariedade.
Nada disto vejo neste orçamento -- nem na maioria dos que compõem este governo.
Vejo o interesse individual por cima do interesse público, a destruição da riqueza e a não distribuição dos impostos arrecadados. Tudo se esconde do público para contornar a verdade, a justiça e a liberdade, ninguém é convidado a participar nas decisões daquilo que os afeta e não há qualquer promoção de solidariedade, apenas subsidiação para obter votos e promoção de ódio para quem tem diferente opinião.
Não devia, não podia ser assim. Por isso fiquei triste.
bruno.bobone.dn@gmail.com