No cinema, Robin dos Bosques já andou por Sherwood antes de o cinema começar a falar em Robin Hood, de Allan Dwan, com Douglas Fairbanks (1922); foi um galhofeiro Errol Flynn em As Aventuras de Robin dos Bosques, de William Keighley (1938); o muito british Richard Greene na série da BBC Robin dos Bosques (1955-1960); uma raposa na animação Robin dos Bosques, da Walt Disney (1973); um Sean Connery envelhecido e fatigado no crepuscular A Flecha e a Rosa, de Richard Lester (1976); um Kevin Costner expressivo como um muro caiado em Robin Hood: Príncipe dos Ladrões, de Kevin Reynolds (1991); ou um Cary Elwes gozão em Robin Hood: Homens de Collants, de Mel Brooks (1993)..Quando em 2007 Ridley Scott foi contratado para filmar, pela enésima vez, a história de Robin dos Bosques, a ideia do argumento de Ethan Reiff e Cyrus Voris era virá-la do avesso. O filme ia chamar-se Nottingham, centrar-se no grande inimigo de Robin dos Bosques, apresentado sob uma luz mais positiva do que o habitual, e Russell Crowe faria os papéis do xerife de Nottingham e de Robin. .Mas como acontece muitas vezes nestas superproduções de estúdio, levou tudo uma grande volta. O título passou a ser Robin Hood, o argumentista Brian Helgeland foi chamado por Scott para rescrever o argumento e torná-lo menos revi- sionista, Russell Crowe passou a interpretar apenas Robin dos Bosques e até o dramaturgo Tom Stoppard veio, já durante a rodagem, dar um último polimento ao guião..O resultado desta quinta colaboração entre Scott e Crowe está a partir de hoje nos cinemas e abriu o Festival de Cannes, fora de competição (ver páginas 56 e 61). O Robin dos Bosques de Russell Crowe está muito distante do de Errol Flynn: é um usurpador de identidade e chega das Cruzadas cansado e amargurado. Sinais dos (nossos) tempos, mas que tiram brilho, vibração e empatia aos heróis clássicos.