Um portal para ganhar 100 milhões por ano com aposta no turismo de saúde
Todos os anos, a Hungria recebe mais de 70 mil estrangeiros que ali vão tratar dos dentes enquanto passam férias. São sobretudo cidadãos da Europa central e todos os anos rendiam ao país, em pré-pandemia, mais de 250 milhões de euros. De acordo com um estudo da PwC, o turismo médico neste continente cresce a um ritmo de 15% ao ano - e Portugal quer apanhar esse comboio. "Atingir o número mágico de 100 milhões de euros por ano num prazo relativamente curto, de três anos", é o objetivo confessado ao DN por Joaquim Cunha. Para isso, foi montada a estratégia que tem no centro o portal hoje lançado pelo Health Cluster Portugal (HCP), que lidera.
Se a maioria dos países europeus tem serviços nacionais de saúde aos quais os cidadãos recorrem naturalmente, os atrasos provocados pela pandemia abrem aqui uma janela de oportunidade. Assim consiga o país criar buzz e construir uma reputação que lhe permita entrar nos radares internacionais. É essa a missão do medicaltourisminportugal.com.
"Portugal é um país apetecível para o turismo, é seguro e tem cuidados de saúde de grande qualidade e um custo de vida que está ainda abaixo da média europeia. Além do que é um local apetecível para muitos seniores, reformados que aqui passam uma temporada todos os anos ou turistas que vêm e repetem. Com trabalho no sentido de se construir uma imagem adequada, podemos ganhar vantagem", acredita Joaquim Cunha, que está a desenvolver a estratégia (e o portal) ao lado de parceiros de peso, incluindo o Turismo de Portugal (TdP), a Agência para o Comércio Externo (AICEP) e a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP).
Depois da interrupção ditada pela pandemia, o medicaltourisminportugal.com estreia-se com uma aposta clara na captação de turistas que aqui procurem cuidados de saúde, beneficiando não apenas do facto de Portugal ser um destino turístico de reconhecida qualidade mas também das condições que lhe dão vantagem competitiva. A capacidade de atração de estrangeiros - turistas, imigrantes ou residentes não habituais, que têm chegado ao território ao abrigo de programas que oferecem vantagens fiscais, por exemplo - é um dos trunfos do Health Cluster e dos seus parceiros. Com uma dupla vantagem: ao pôr o país no mapa do turismo de saúde, há um upgrade natural da atratividade dos turistas regulares, que aqui se sentem mais seguros.
"Em Portugal há muito bons prestadores de saúde e trabalhando este projeto exclusivamente com o setor privado podemos tirar partido também do trabalho de investigação que tem sido prosseguido ao nível das novas tecnologias, dos dados, da inteligência artificial, fatores que desamarram os cuidados da geografia", explica ao DN o líder do Health Cluster.
A pressão dos custos das seguradoras também joga a favor do país: se os tratamentos e cuidados em si têm preços mais ou menos semelhantes nas unidades do continente europeu, os hotéis, as viagens, a vida em Portugal ainda são significativamente mais baratos, o que nos permite concorrer melhor com outros países prestadores.
E que tipo de tratamentos poderia carregar a bandeira nacional? "É muito variável", diz o responsável. "Ninguém atravessa um oceano para tirar um dente, mas a aposta pode passar por cuidados mais ligeiros, feitos em ambulatório, dirigidos a europeus, e ser complementado com intervenções mais sérias, com tempos de recuperação mais prolongados, para cidadãos americanos, brasileiros ou do Médio Oriente", exemplifica.
Acima de tudo, o que importa é a promoção externa do país em mais esta dimensão, no âmbito do protocolo firmado entre Health Cluster, TdP, AICEP e APHP em 2019, para desenvolver a marca saúde em Portugal. O portal que hoje se estreia é o primeiro passo em que se materializa a estratégia.
Uma breve apresentação do país, das suas melhores qualidades e vantagens, mas sobretudo um catálogo das mais destacadas unidades e cuidados de saúde aqui prestados compõem a homepage do portal que hoje se estreia online, carta fundamental na estratégia que junta o Health Cluster, o Turismo de Portugal, a AICEP e os hospitais privados na missão de colocar o país no mapa desta nova oferta de serviços e ajudar Portugal a construir uma imagem e uma boa reputação na área do turismo de saúde.
Em permanente melhoramento, o portal traz ainda um espaço dedicado às notícias sobre as mais recentes terapêuticas, inovações e utilizações de tecnologia de ponta que se utilizam e praticam nos maiores grupos privados de saúde do país - CUF, Luz e Lusíadas.