"Um ponto baixo". Patrícia Mamona oitava no triplo salto

"Estranhamente, não estando na melhor forma, igualei a minha melhor classificação, por isso, quando estiver a 100% espero conseguir melhor", afirmou Mamona, já a antecipar "um ponto alto"..
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A portuguesa Patrícia Mamona terminou no oitavo lugar a competição do triplo salto dos campeonatos do mundo de atletismo, vencida pela venezuelana Yulimar Rojas, que revalidou o título mundial e juntou-o ao olímpico.

Em Eugene, nos Estados Unidos, Patrícia Mamona, medalha de prata em Tóquio2020, atrás de Rojas, terminou a prova de segunda-feira com os 14,29 metros alcançados no seu quinto salto, em igualdade com a jamaicana Kimberly Williams, sétima classificada.

Yulimar Rojas, recordista mundial, voltou a dominar o concurso, ao saltar 15,47, a melhor marca do ano, impondo-se à jamaicana Shanieka Ricketts e à norte-americana Tori Franklin, segunda e terceira classificadas, com 14,89 e 14,72, respetivamente.

Depois de ter superado a qualificação em sofrimento, devido a dores nas costas, Mamona, campeã da Europa ao ar livre em 2016 e 'indoor' em 2021, repetiu o oitavo lugar alcançado em Doha2019, na sua quinta presença em mundiais.

A atleta do Sporting tinha chegado a Eugene2022 com a 14.ª marca do ano (14,42 metros), alcançada em março, nos Mundiais em pista coberta, nos quais ficou no sexto lugar.

"Com a adrenalina esqueci-me um pouco das dores e pensei que tinha de saltar muito, mas mostrou-se que a forma não estava no pico. Estranhamente, não estando na melhor forma, igualei a minha melhor classificação, por isso, quando estiver a 100% espero conseguir melhor", afirmou Mamona.

O otimismo para o futuro contrastou com o pragmatismo na avaliação da final e da sua participação em Eugene2022, com a lesão sofrida no aquecimento para a qualificação, no sábado, e a recuperação 'milagrosa'.

"Os médicos fizeram milagres, porque até ontem [no domingo] à noite não sabia se conseguia saltar. Nem me conseguia mexer. Hoje [na segunda-feira] de manhã acordei muito melhor, voltei a trabalhar com a equipa médica e conseguiram colocar-me em condições para saltar. Passei à final, também um bocadinho à rasca, mas não podia pedir muito mais", reconheceu.

Mamona avançou para os três últimos saltos no oitavo lugar, melhorando duas posições relativamente à qualificação, ultrapassando a ucraniana Maryna Bekh-Romanchuk e a dominicana Ana Lucia Jose Lima, que tinham sido segundas e terceiras, com 14,54 e 14,52, e na final não foram além do 10.º e do 11.º lugares, respetivamente.

Mamona, que terminou em igualdade com a jamaicana Kimberly Williams, sétima classificada, ficou muito aquém do seu recorde nacional (15,01), que lhe valeu a prata em Tóquio2020, atrás de Rojas, e também da sua melhor marca do ano (14,42 metros), alcançada em março, nos Mundiais em pista coberta, nos quais ficou em sexto.

"Obviamente, uma pessoa acredita sempre, porque há sempre a esperança de fazer um grande salto. Mas, sinceramente, acho que é merecido, porque a minha época foi muito má, com muitas lesões, mas isso faz parte do desporto. Ainda por cima depois de um ano olímpico, que foi maravilhoso. Hoje, até ao final, acreditei que era possível, mas não saiu. Estou muito apática, acho que estou feliz porque a equipa médica fez o que eu temi que não fosse capaz e tenho de pensar no que vem para a frente", referiu.

Mamona, campeã da Europa ao ar livre em 2016 e em pista coberta em 2021, não desistiu da temporada e apontou já aos Europeus, a disputar entre 15 e 25 de agosto, em Munique, na Alemanha.

"Tenho de recuperar, com mais calma, ainda há Munique e para o ano há dois Mundiais [em pista coberta e ao ar livre, novamente]", realçou.

Mamona admitiu que o resultado de Eugene2022 "é um ponto baixo", mas disse estar entusiasmada porque, "quando há um baixo, há um alto".

O momento negativo foi agravado pela lesão contraída na qualificação, que se juntou a uma outra, que a deixou em dúvida para competir no estádio Hayward Field.

"Eu ontem não conseguia fazer um 'sim'. Já tive algo parecido e demorou dias para passar, mas acho que a adrenalina ajudou a esquecer as dores. Eu, desde junho, em Rabat, tenho uma lesão no glúteo, que me tem impedido de correr, mas eu achava que ia conseguir, só que, no aquecimento, tive o problema nas costas, que bloquearam completamente. Até à câmara de chamada não sabia se ia conseguir correr, mas comecei a ver as atletas e decidi: vou matar-me mesmo aqui. Passei à final, de forma apertada, mas fiquei um caos depois da prova, nem conseguia pegar na mochila", recordou.

Antes dos dois oitavos lugares, em Eugene2022 e Doha2019, a atleta 'leonina' tinha sido nona em Londres2017, 16.ª em Pequim2015 e 27.ª em Daegu2011.

A portuguesa Liliana Cá avançou para a final do lançamento do disco dos campeonatos do mundo de atletismo, com a 11.ª marca da qualificação, enquanto Irina Rodrigues foi eliminada.

Liliana Cá foi a terceira repescada para a final, a disputar na quarta-feira, a partir das 18:30 locais (02:30 de quinta em Lisboa), com os 61,41 metros do seu segundo arremesso, depois de um nulo, tendo fechado o concurso com 61,01.

"Quero melhorar na final e ficar entre as oito primeiras", afirmou a lançadora natural do Barreiro, de 35 anos, após terminar o Grupo A, vencido pela norte-americana Valarie Allmana, com 68,36, no terceiro lançamento, depois de dois nulos.

Cá, quinta em Tóquio2020, que ocupa a mesma posição no 'ranking' mundial, com 63,62 metros como melhor marca do ano -- longe do seu recorde nacional de 66,40 -- não apreciou o seu desempenho.

"Não gostei muito. Há dias bons, dias maus e este nem foi muito bom, nem muito mau. Ficar para a final era o objetivo, apesar de a minha época ter começado um bocado tarde", ressalvou, acrescentando ter tentado um "segundo lançamento mais controlado, para tentar arriscar um pouco no terceiro".

No Grupo B, Irina Rodrigues, de 31 anos e 31.ª posto da hierarquia mundial, com 62,08 este ano e melhor marca pessoal de 63,96, terminou a competição em Eugene2022 no 23.º lugar, com um arremesso a 57,69.

"Senti que podia ter feito um pouco melhor, mas tenho de aprimorar a minha técnica para Munique [onde vão ser disputados os Europeus, entre 15 e 25 de agosto]. Acredito que lá vou estar melhor. Era um palco grande, não estava ansiosa, mas estava a fazer muita força para o disco andar e, sem ser desculpa, no terceiro dei mais força e o disco começou a cair (...); fiquei com um bocadinho de raiva, mas é assim", explicou a lançadora natural de Leiria.

Irina Rodrigues terminou o concurso com a marca obtida no terceiro arremesso, depois de ter lançando a 56,79 e 54,89, ficando a cerca de três metros e meio da última repescada para a final, a francesa Melina Robert-Michon, que na segunda-feira celebrou 43 anos.

"Não foi, de todo o melhor do meu ano, mas não estou triste, porque acho que consigo fazer melhor no futuro e porque fiz o meu quinto ano de medicina, e ainda vim aos campeonatos do mundo, nos Estados Unidos", realçou a lançadora do Sporting, assegurando ter "força e coragem para trabalhar por melhores lugares".

O melhor resultado luso no lançamento do disco em campeonatos do mundo foi obtido por Teresa Machado, com o sexto lugar em Atenas1997.

A portuguesa Lorene Bazolo falhou a qualificação para as semifinais dos 200 metros ao terminar a competição no 33.º lugar.

Depois de ter ficado pelas eliminatórias dos 100 metros, a recordista nacional das duas distâncias (11,10 e 22,64 segundos, respetivamente) não foi além do sexto lugar na segunda série dos 200, em 23,41 segundos.

"Fiz a minha corrida, dei tudo o que tinha e, pronto, saiu esta marca. Tenho de aceitar, voltar a trabalhar e olhar para o Europeu e para as provas que estão para a frente. Nunca fico desiludida; quando as coisas correm mal, aprendo e aproveito para trabalhar mais", afirmou a luso-congolesa.

Bazolo, de 39 anos, voltou a ficar pelas eliminatórias nos seus terceiros mundiais com as cores lusas, aos quais chegou com 23,09 como melhor marca do ano, a 59.ª mais rápida.

A última das 24 qualificadas para as semifinais foi Joella Lloyd, de Antígua e Barbuda, com o tempo de 22,99, menos 42 centésimos de segundo do que Bazolo. A mais rápida de todas as seis séries foi a nigerina Aminatou Seyni, em 21,98.

Nos 100 metros, a velocista do Sporting terminou a competição em Eugene2022 no 38.º posto, com a marca de 11,44.

A portuguesa Vera Barbosa vai disputar hoje a qualificação dos 400 metros barreiras.

Na sua segunda presença em Mundiais, 11 anos depois, a atleta natural de Vila Franca de Xira, de 33 anos, vai procurar melhorar a sua melhor marca do ano, os 56,37 segundos alcançados em Madrid, no passado mês de junho, na quinta série, a partir das 17:47 locais (02:47 de quarta-feira em Lisboa).

Vera Barbosa conseguiu regressar a grandes competições, depois de ter estado nos Jogos Olímpicos Rio2016, sem superar as eliminatórias, e Londres2012, onde chegou às meias-finais e estabeleceu o seu recorde pessoal em 55,22.

A barreirista lusa qualificou-se para Eugene2022 com a 40.ª posição do 'ranking' mundial, apresentando-se à partida dos 18.ºs campeonatos do mundo com a 36.ª marca do ano, numa hierarquia liderada pela norte-americana Sydney McLaughlin (51,41), campeã olímpica e vice-campeã mundial.

Para avançar para as semifinais, Vera Barbosa, que detém a melhor classificação lusa na disciplina, com o 24.º posto em Daegu2011, tem de ficar entre as quatro primeiras da eliminatória ou alcançar um dos quatro melhores tempos entre as restantes.

As semifinais estão marcadas para quarta-feira, a partir das 18:15 locais (02:15 de quinta), e a final para sexta, às 19:50 (03:50).

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