Um piloto preso na China durante a Guerra da Coreia

Publicado a
Atualizado a

Foi um símbolo das primeiras tensões da Guerra Fria, ao passar dois anos numa prisão chinesa, após a Guerra da Coreia, de 1953 a 1955.

Harold E. Fischer Jr. esteve detido numa prisão na Manchúria, sem janelas, cama ou qualquer móvel, onde permaneceu a maior parte do tempo algemado e sujeito a torturas psicológicas. Morreu no último dia de Abril, em Las Vegas, na sequência de complicações pós-operatórias, anunciou a família na passada quinta-feira. Tinha 83 anos.

Capitão da Força Aérea, o seu Sabre caiu na região de Yalu, onde foi cercado por um grupo de camponeses em fúria, devidamente enquadrados por uma unidade militar chinesa. Corria o mês de Abril de 1953 e a guerra estava a poucos meses do fim. Fischer soube do armistício pouco dias depois de assinado, mas a sua libertação não estava para breve.

Talvez consciente disso, Fischer tentou a fuga - conseguindo evadir-se, mas pouco tempo. Será capturado junto a uma estação de caminhos-de-ferro. Os seus captores chineses não lhe vão perdoar o facto e farão questão de o transformar num exemplo.

Num relato à revista Life, Fischer descreveu as semanas e semanas de tortura, até que foi levado a confessar que bombardeara deliberadamente território chinês e que estivera envolvido em bombardeamentos químicos. "Coisa que nunca sucedeu durante a guerra", garantiu à Life.

Julgado em Pequim, com mais quatro pilotos--aviadores - numa evidente acção de propaganda -, todos foram condenados por invasão do território chinês.

Após o julgamento, serão conduzidos para Hong Kong e daí para Honolulu. Estavam livres.

Fischer prosseguiu a sua carreira na Força Aérea, tendo participado em mais de 200 missões durante a Guerra do Vietname, período em que atinge o posto de coronel. Fischer recebeu ainda algumas das principais condecorações militares americanas, como a Estrela de Prata, e diversas outras atribuídas pela Força Aérea dos EUA.

Filho único de agricultores do Iowa, onde nasceu em Maio de 1925, desde cedo que se interessou pela aviação, que estava em vias de se tornar uma das armas - e o transpor-te - do futuro. Apesar disso, é na Marinha que se alista, pedindo, primeiro a transferência para o Exército e só, em 1950, para a Força Aérea.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt