Um país para novos precisa-se!

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Não podemos mesmo voltar para trás. A economia não aguenta e a saúde financeira e mental dos portugueses também não.

O Presidente da República colocou pressão ao afirmar que não há regresso ao passado, uma forma de condicionar a atuação executiva, presente e futura. Só com muita testagem, rastreio e fiscalização é possível continuar a abrir as portas do país, sem descontrolar a pandemia, mas permitindo reativar serviços para os quais esta primavera-verão será a última oportunidade de sobrevivência.

No caso particular da região de Lisboa e vale do Tejo a situação é preocupante face ao registo de 240 casos por cada 100 mil habitantes e todas as medidas devem focar-se na redução ativa de contágios. Por isso, é compreensível que ontem não tenha sido permitido aos cafés da Avenida da Liberdade, na capital, exibir o jogo de futebol do Europeu em ecrãs, o que levaria, naturalmente, à concentração de pessoas.

Casos de festejos e contágios como aqueles a que assistimos em redor do Estádio de Alvalade e dos Dragões, no Porto, não podem repetir-se. Situações como se verificaram nos feriados de 3 e 10 de junho, com ruas cheias de gente sem máscara nem distanciamento como se assistiu em Albufeira, também não. E esta não é uma questão política ou ideológica. É um tema de saúde e de economia e que dita a sustentabilidade do futuro de Portugal.

Duarte Cordeiro e Diogo Serras Lopes, ambos secretários de Estado, já admitiram a forte preocupação com a situação em Lisboa e vale do Tejo. Os epidemiologistas e virologistas já tinham lançado esses alertas. Os casos têm subido na região e em todo o país há 214 surtos ativos, um terço dos quais em escolas. Em parte, estes dados explicam também o facto de terem reaparecido casos de infeção nas faixas dos 20 e dos 30 anos, muitos deles pais e mães de crianças em idade escolar.

É importante sublinhar que "a batalha não está ganha" e é "preciso contrariar a ideia de que estará ganha", conforme afirmou o secretário de Estado da Saúde, numa conferência que ontem juntou o Diário de Notícias, a TSF e a Abbvie para discutir a sustentabilidade da saúde. Também ontem registaram-se 973 novos casos de contágio e duas mortes. "São precisos mais uns meses de cuidados, com uso de máscara e lavagem das mãos, para não voltarmos a ter situações que nenhum de nós quer ter", pediu o mesmo responsável.

A vacinação está a avançar e já conta com mais de 6,5 milhões de doses administradas, mas, como a maioria das vacinas requer duas doses, falta quase outro tanto para cantar vitória. E falta chegar às idades mais jovens. Nas últimas horas foi anunciada a possibilidade de agendamento da vacina para a faixa dos 40 anos. Mas é necessário acelerar, para que não nos cheguem os relatos de jovens a entrar nos hospitais com covid-19. O futuro do país far-se-á com a proteção dos novos e não apenas dos mais velhos. Todos contam, ninguém deve ficar para trás, mas são as novas gerações que vão continuar a puxar a carroça deste pequeno país que é fantástico para viver, mas um enorme desafio de gestão, digno de um caso de estudo num MBA: baixa produtividade, fraca literacia financeira, elevadíssimos impostos e excesso de dívida pública e privada. Não sei se este será um país para velhos, mas tem de ser um país para novos.

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