Um país com visão, é um país com causas

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Chega dezembro, e com ele, a magia desta época do ano. Época de partilha, solidariedade e, acima de tudo, empatia. Nestes dias, reunimo-nos com amigos e familiares, envolvendo-nos numa atmosfera calorosa, onde os sorrisos são tão brilhantes quanto as luzes que decoram as ruas.

Se para muitas pessoas estes são dias de festa, não nos podemos esquecer daquelas que se encontram mais sós, em contexto de vulnerabilidade ou violência doméstica, nem dos muitos, demasiados, lugares do globo, marcados pela guerra, em que tantas crianças e pessoas continuam a viver sob o terror da violência e do conflito armado, o que nos deve convocar, em particular à comunidade internacional, para um maior esforço e compromisso para alcançar uma paz duradoura.

O Natal é também uma altura em que recordamos e honramos a memória dos amigos e familiares que deixaram saudades, incluindo os animais de companhia.

Pois, à medida que partilhamos a alegria desta época com amigos e familiares, não podemos esquecer aqueles que, mesmo não estando mais fisicamente presentes, permanecem vivos na nossa memória, gratidão e nos afetos partilhados.

Contudo, para muitas pessoas, em particular as mais sós ou vulneráveis, os laços afetivos que persistem são os existentes com os animais de companhia. Laços esses tão fortes, que transcendem as barreiras da linguagem. Muitos de nós já perderam companheiros de quatro patas que eram verdadeiros membros da família. Deixaram pegadas indeléveis nos nossos corações, e é na empatia e nas memórias que encontramos conforto. Uma ligação que nos recorda que, falarmos em proteção animal é falarmos também de pessoas, e não menos vezes da sua própria proteção e apoio.

Para lá do brilho das luzes e do frenesim dos dias, importa reconhecer que a solidão é hoje uma nova forma de epidemia, que afeta a saúde pública. No entanto, continuamos a não ter políticas públicas efetivas que combatam este fenómeno e os fatores que impulsionam o aumento da solidão, sendo fundamental que a iniciativa do PAN aprovada pela Assembleia da República, que recomendou ao Governo que desenvolva e concretize uma estratégia nacional integrada de combate à solidão, enquanto eixo estratégico de saúde pública, seja criada saia do papel.

Ora, numa altura em que vamos ter novamente eleições, este é também o momento de refletir sobre a visão de país que queremos e as causas que importam. A construção de uma sociedade mais empática, de maior respeito pelo próximo, seja pessoa ou animal, onde exista qualidade de vida e tempo para viver e socializar, não pode ficar de fora dessa mesma visão. Não basta ter uma visão macroeconómica para o país! É preciso ter também uma visão de bem-estar físico e emocional, assim como ecológica, para garantirmos o direito às presentes e futuras gerações a um ambiente sadio e a um clima estável, travando a destruição do planeta e o declínio da biodiversidade.

Neste Natal, enquanto desembrulhamos presentes e partilhamos risos, histórias e memórias, recordemos a empatia que nos conecta não apenas aos nossos semelhantes, mas também àqueles que caminharam ao nosso lado, mesmo tendo quatro patas. Renovemos os votos de compromisso com as causas e os valores que desejamos para nós e para os demais. Ao apoiarmos as causas que nos unem, estamos a garantir que a empatia não é apenas um sentimento sazonal, mas uma força motriz que guia as nossas ações durante todo o ano.

Que esta época não seja apenas uma celebração da empatia, mas também um compromisso renovado com as causas que fazem a diferença. Avancemos, pelas causas que fazem a diferença no nosso dia-a-dia e tornam o mundo um lugar mais compreensivo, inclusivo e compassivo para com todos os seres, pessoas e animais, assim como de preservação da natureza. É essa a nossa visão para o país.

Deputada única do PAN

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