Um olhar português à CNN

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Nos 25 anos da CNN há pelo menos um português que se orgulha de ocupar um lugar na história do mais conhecido canal televisivo do mundo. O jornalista Pedro Mendonça Pinto trabalhou durante cinco anos, entre 1998 e 2003, em Atlanta, na sede da CNN, onde apresentou o programa World Sports. Há dois anos regressou a Lisboa, mas continua a ser correspondente em Portugal da estação norte- -americana. "Todos os meses faço trabalhos; ainda agora acompanhei a final da UEFA e a entrega dos Prémios Laureus", explica ao DN. "Aqueles cinco anos foram o momento mais alto da minha vida profissional", afirma, adiantando que "a CNN revolucionou a informação televisiva, que nunca antes tinha tido um canal 100% informativo". "O projecto começou com uma ideia ambiciosa e até um pouco louca do Ted Turner, mas hoje ninguém discute a sua importância, mesmo depois do aparecimento de outros canais internacionais, como a Sky News, a Fox ou a BBC World".

Apesar das críticas, Pedro Mendonça Pinto considera que "a CNN, sobretudo a CNN Internacional, pode gabar-se da sua independência, porque tem pivôs de todos os cantos do mundo, que garantem imparcialidade e equilíbrio".

Para Luís Costa Ribas, correspondente da SIC e TSF nos Estados Unidos, a CNN "é um marco e foi uma autêntica revolução". "É o meu ponto de ligação com o mundo. Quando viajo levo o passaporte, a mala e lá está a CNN. Uma vez, fui ao sul de Angola, onde fiquei num hotel modesto e também tinha CNN. Com o satélite, eles chegam até a zonas isoladas", diz. No entanto, o jornalista sublinha que a qualidade da informação do canal "é hoje muito pior do que há dez anos e muitíssimo pior que há 15", porque cedeu à tentação de acompanhar a Fox News, que "não é um serviço de notícias mas um canal de publicidade da administração Bush e do partido conservador".

José Rodrigues dos Santos, ex- -director de Informação da RTP e que trabalhou na BBC, não esquece o papel precursor da CNN. "Ela inventou o conceito dos directos e de breakingnews. Influenciou todo o mundo e, particularmente, Portugal, porque quando a CNN apareceu o jornalismo em Portugal era muito fechado, os jornalistas não viam o que se passava lá fora porque não existia satélite". Rodrigues dos Santos lembra que "a CNN foi o primeiro canal de televisão global através do qual se fez diplomacia"e reconhece que hoje "é uma máquina de fazer dinheiro".

"Quando foi a Guerra do Golfo, as equipas da CNN tiveram um papel importante. Tem o mérito de partirem na frente e disporem de jornalistas com gabarito, mas há uma visão americana do que acontece no mundo", assinala, por seu turno, Emídio Rangel, o homem que, com Nuno Santos, lançou a SIC Notícias. Emídio Rangel destaca ainda o contributo da CNN para a democratização do mundo. "Mesmo em países onde há ditaduras, o canal é sintonizável e contribui para uma melhor informação no mundo".

Mário Carvalho, repórter de imagem da CBS, recorda que a estação "foi uma ideia brilhante de Ted Turner; na altura, todos os profissionais das notícias disseram que era uma ideia ridícula e ele provou ser um formato extraordinariamente popular". O profissional acredita que o momento menos bom da CNN tem a ver com a "maior juventude da Fox News". No entanto, "é tudo uma questão de ciclos e a CNN vai dar a volta à situação".

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