Um nojo. Há ratos por todo o lado em Nova Iorque

Ratos e ratazanas andam nas ruas, nos bueiros, nos caixotes de lixo de restaurantes da moda de Manhattan ou mesmo em carruagens do metro. A gentrificação dos bairros é uma das principais razões que explica este surto.
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Há uma praga de ratos que está a deixar os nova-iorquinos à beira de um ataque de nervos. Os ratos e ratazanas andam por todo o lado: nas ruas, nos bueiros, nos caixotes de lixo de restaurantes da moda em avenidas luxuosas de Manhattan - ou mesmo em carruagens do metro. Um nojo. E apesar de as autoridades desta cidade dos Estados Unidos já terem declarado guerra aos roedores, esta é uma batalha que os homens estão a perder.

"Não há dúvida de que os ratos têm um grande impacto na qualidade de vida dos nova-iorquinos e esta administração leva a sério a nossa responsabilidade em controlar e mitigar a sua população", admitiu Laura Anglin, responsável autárquica pelas operações de desratização, citada pelo jornal americano New York Times .

"Nenhum nova-iorquino gosta de ter ratos na sua comunidade e estamos comprometidos em continuar o trabalho de controlar os ratos em todos os nossos bairros."

Segundo dados avançado pelo jornal, a gentrificação dos bairros é uma das principais razões que explica o surto dos roedores. E que se estende para lá de Nova Iorque, Filadélfia, Chicago e Los Angeles também estão a enfrentar idênticas pragas.

Já o jornal espanhol El País lembra os fatores que ajudam à praga. Manhattan é uma ilha - e o Bronx, Queens e Brooklyn também são banhados pelas águas. A rede extensa de metro ajuda aos roedores a circularem e a propagarem-se. E o lixo de restaurantes e bares, que se acumula durante horas, após o seu encerramento, até à passagem dos camiões de lixo, é um verdadeiro festim para a população roedora.

Há mais dois fatores, que segundo os especialistas alimentaram este crescimento nos últimos anos. Por um lado, há o boom da construção. "É como pisar num formigueiro", contou Luís Aguilar, zelador de um prédio de Upper West Side, nas páginas do El País . Há uma construção que acaba de começar ao virar da esquina. "Saíram centenas [de ratos] quando o prédio foi derrubado."

Por fim, e mais grave, o efeito das alterações climáticas. Os invernos mais amenos ajudam a aumentar a sobrevivência do mamífero e aceleram o seu processo de reprodução. Os ratos ganharam peso e tamanho. "Até os gatos têm medo deles."

Já na descrição da reportagem do New York Times, são tantos os ratos numa calçada de Brooklyn que são os humanos que evitam os ratos - não o contrário. Nem mesmo os carros estão seguros: há relatos de ratos que roeram os fios de motores. E numa avenida de Manhattan cheia de restaurantes da moda tornou-se um destino para foodies - e para os ratos que vão em busca dos restos. Os moradores de um complexo municipal de prédios, no sul do Bronx, têm de preocupar-se com os ratos que tropeçam todos os dias nos seus pés.

A cidade que nunca dorme sempre conviveu com estes vermes de quatro patas, como os classifica o jornal, mas esta infestação expandiu-se de tal forma nos últimos anos, que se espalhou praticamente por todos os cantos da cidade. Pablo Herrera, antigo fuzileiro naval, que não é muito impressionável, admitiu ao New York Times que a situação é "muito má". Só num quarteirão onde vive, em Prospect Heights, ao virar da esquina do Brooklyn Museum, este mecânico de 58 anos contou até 30 ratos.

Numa linha telefónica municipal, que as autoridades disponibilizaram, os avistamentos de ratos reportados subiram quase 38%, para 17 353 no ano passado, dos 12 617 em 2014, segundo dados citados pelo jornal. No mesmo período, o número de vezes que as inspeções de saúde da cidade encontraram sinais ativos de ratos quase duplicou.

O mayor Bill de Blasio (como todos os anteriores presidentes de câmara) declarou guerra aos ratos, mas até agora a cidade ainda está a perder.

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