Um mundo por reconstruir

Publicado a
Atualizado a

Há um mundo para reconstruir. Numa altura em que ainda não saímos de uma pandemia que dura há dois anos e o mundo vive as consequências de uma guerra sem previsão do seu fim, importa pensar no pós-covid e também, já, no pós-guerra. Em Portugal e no mundo precisamos de perceber a nova realidade que destes fenómenos nascerá, mudando sociológica e economicamente a sociedade a que nos habituamos.

O sistema científico terá nesta reconstrução um papel determinante, já que da inovação e da capacidade de produzir novas formas de trabalho nascerá a reorganização necessária. Em Portugal, a íntima ligação que a Ciência tem ao Ensino Superior responsabiliza a rede de universidades e politécnicos por essa reconstrução, apelando à sua capacidade para investigar, inovar e desenvolver. A obrigação que as instituições do Ensino Superior têm de contribuir para esta estratégia passa, naturalmente, pelas condições que lhes forem criadas para poderem desenvolver o seu trabalho. Esta rede, que tem nos politécnicos o seu maior suporte para a coesão territorial, precisa, naturalmente, de apoio financeiro e de maior autonomia para o desenvolvimento do trabalho que são capazes de fazer e que é a sua missão.

Citaçãocitacao"O país e o mundo precisam de se reconstruir. Têm de o fazer recorrendo à inovação e inovar é caro, temporalmente dispendioso e lento."esquerda

Quando se inicia um período de quatro anos e meio de trabalho de um novo governo, que se espera estável e transformador, é espectável que na área da Ciência e do Ensino Superior, liderada por uma ministra oriunda do mundo da Ciência, onde é uma referência, esta tenha força para impor uma agenda que resolva as dificuldades que ainda se sentem no setor. Fundamentalmente ao nível do financiamento, garantindo que se coloca mais dinheiro no sistema, compensando o crescimento de alunos que o setor tem tido, mas também o seu papel na coesão territorial, nomeadamente mantendo as estruturas implementadas nos territórios de baixa densidade, quase todos no interior do país.

O Ensino Superior está hoje implantado em quase 50% dos concelhos do País, numa manifestação de coesão territorial e de qualificação da população, tendo esta dispersão crescido cerca de 300% nos últimos seis anos. O número de alunos matriculados aumentou, no mesmo período, mais de 20%. As condições disponibilizadas às instituições ficaram aquém desta resposta, ainda que se reconheça o esforço realizado em tempo de crise económica. Não é possível que as instituições continuem sujeitas à pressão a que estão, por muito mais tempo, suportando os efeitos da pandemia e agora os oportunismos da guerra.

O país e o mundo precisam de se reconstruir. Têm de o fazer recorrendo à inovação e inovar é caro, temporalmente dispendioso e lento.


Presidente do Instituto Politécnico de Coimbra

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt