Um mal está demasiado espalhado
Título do Público: "Maria TV, um canal que dá voz às mulheres de niqab". Entrada: "Contra os preconceitos e a exclusão, o Egito já tem uma emissão televisiva feita por mulheres que usam o véu islâmico integral." Um nojo. Igual ao da outra, da RTP, que foi de lenço entrevistar o embaixador iraniano em Lisboa. Sempre me perguntei como foi possível os alemães terem aceitado que os nazis tomassem o poder. Até percebo que, em 1938, já com cinco anos de Hitler, alguém fechasse os olhos quando a loja do vizinho judeu teve a vitrina rebentada - havia muitas camisas castanhas na rua. Percebo ainda mais que, em 1943, os prisioneiros judeus de Theresienstadt tocassem na orquestra que, eles sabiam, servia para enganar a Cruz Vermelha e fazer propaganda da bondade do campo de concentração - a alternativa à música era a morte. Mas em 1932? Em 31? Em 30? Em 29?... Como é que gente decente calou quando os nazis, que já eram nazis, ainda não tinham o poder totalitário dos nazis? Agora, porém, já estou a entender. Tanta gente decente calou porque já havia quem insidiosamente fazia crer que o inominável era aceitável. A face do fascismo islâmico já não se esconde com um niqab em Portugal, aparece às escâncaras nos jornais. E sublinho que escrevi o nome do jornal lá em cima porque foi nesse que aconteceu - infelizmente, aquele nojo podia ter sido cometido em qualquer outro jornal português, inclusive o meu. O mal está demasiado espalhado.