Um festival que chega em tempo de narrativas
"Quem é que havia de imaginar que um dia se ia pagar para ouvir histórias?". Joaquim de Almeida lança a pergunta e dá a resposta: "Anda tudo desumanizado. Vamos almoçar juntos e está tudo com os iPhones e os iPads. Deixou-se de se contar histórias".
Os contadores de histórias são personalidades conhecidas:
Hoje - Herman José, Ana Bacalhau, Anabela Moreira, Valter Hugo Mãe e Carlos do Carmo (a partir das 21.30)
Amanhã - Rui Reininho e JP Simões, Rui Veloso e Balla (21.30). Na sala 2, os anónimos podem experimentar contar as suas histórias em palca
Domingo - Miguel Esteves Cardoso é entrevistado por Clara Ferreira Alves (18.30). Nuno Markl, Inês de Medeiros, Jel, José Luís Peixoto e Sandra Barata Belo contam as suas histórias a partir das 21.30.
Nuno Markl e o fadista Carlos do Carmo já subiram ao palco em 2012.
Miguel Esteves Cardoso, o único que não aparece regularmente em público. "Teve de pensar bastante" antes de aceitar, segundo o diretor do festival, Hugo Nóbrega, e terá um formato feito à sua medida, uma entrevista com a jornalista Clara Ferreira Alves: "Será mais uma conversa entre duas pessoas, sem grande filtro, improvisada."
O cartaz inclui humoristas, mas o True Tales não é stand-up comedy, frisa a organização. "A única coisa em comum é que se está em pé, sozinho em palco. São histórias verídicas e, bem contadas, podem ser engraçadas. A ideia é que sejam genuínas", diz Hugo Nóbrega ao DN. "O que vamos ver é o "lado b" das pessoas. Tem um lado voyeur, mas é um voyeur positivo, as pessoas permitem-se mostrar alguma coisa", acrescenta. "Vamos ouvir pessoas a contar histórias e vamos ficar a conhecê-las de forma mais fácil e honesta do que pelas revistas do coração", sublinha Joaquim de Almeida.
O ator, que vive e trabalha em Los Angeles, também terá oportunidade de contar as suas histórias ("ainda não sei bem quais, talvez histórias de quando tinha 19 anos e vivi em Viena, ou de quando estive a filmar na Nicarágua), mas aqui estará sobretudo a dar a contracena. "Uma história puxa outra história", afirma. Conclusão que lhe ficou do almoço que teve com alguns dos participantes, em que ficou a conhecer algumas narrativas que serão contadas, ajustando-as aos dez minutos que estarão em palco. À margem das histórias contadas em palco, passam documentários e há workshops.
É o segundo ano que o festival se realiza nestes moldes, encostado a uma marca escocesa de whisky, que em 2010 começou a fazer eventos relacionado com o storytelling [contar histórias], na tradição anglo-saxónica. Começou por ser uma organização para poucas pessoas, com o ator Miguel Guilherme como anfitrião, e em 2012 passou a ser feito para ter público. António-Pedro Vasconcelos, que participou há um ano e este ano dará um dos workshops do festival, fazia a mesma pergunta que Joaquim de Almeida: quem é que vai pagar para ouvir histórias? Hugo Nóbrega responde com as 900 pessoas que passaram pelo Tivoli há um ano e uma sala esgotada hoje. A entrada custa dez euros.