Um bairro inteiro como palco do grande teatro da vida
Há um povo que caminha pelo Intendente, devagar. Um povo feito de pessoas com diferentes géneros, idades, culturas e tons de pele mas uma mesma maneira de demorarem o olhar umas nas outras, nas paredes do bairro, naqueles que as olham. É um povo que nasceu da solidão mas, andando, se encontrou.
"O povo de Bú é um povo que anda à procura de uma cidade. Na nossa dramaturgia - ou na nossa imaginação - criámos uma situação para um conjunto de pessoas que, imaginariamente, começam a descer das montanhas onde vivem e onde não se sentem bem. Vêm sozinhas, são solitárias, mas nesse caminho vão encontrando outras, numa paragem de autocarro, num navio, num café, pessoas que também estão à procura. Assim nasce o povo de Bú." Madalena Victorino diz que o nome nasce da palavra debut (que significa estar de pé), mas se o jogo de nomear se faz a partir do francês, o outro, o que construiu o povo e o seu caminho, nasceu na Companhia Limitada, projeto cuja direção artística a coreógrafa partilha com o músico e compositor Pedro Salvador e que, a cada novo empreendimento, encontra novos companheiros de jornada.
Lis+Bú resulta de um processo de pesquisa e criação que durou um par de meses, feito com quatro intérpretes da dança e do teatro físico, outros tantos músicos e uma dramaturga (Joana Bértholo), todos a criarem um espetáculo itinerante em conjunto com crianças, jovens e menos jovens do bairro (e que acabou por envolver também os filhos dos artistas) e nos lugares do bairro.