Os Dois Amigos é a estreia na realização de Louis Garrel, filho do veterano Philippe Garrel, e surge com essa energia bruta de uma primeira obra, além do inebriante fôlego do romantismo francês..Ao contrário do que se possa pensar, aqui não é o próprio Garrel, um dos dois amigos, o homem que se destaca no amor por Mona (Golshifteh Farahani) - Vincent Macaigne, apaixonado e apaixonante é a núcleo irrefutável do filme, concentrando na sua personagem toda a dimensão trágica. E que ninguém tire o mérito a este herói do último IndieLisboa: ele tem a fatalidade inscrita num corpo agitado e num rosto combalido de amor..Na génese da relação a três, que o filia abertamente a um Jules e Jim (1962), de François Truffaut, este filme escrito por Garrel com outro amigo, o realizador Christophe Honoré, convoca a máxima liberdade de espírito, e busca a sensualidade aqui e ali, alcançando-a com fulgor numa cena de café, em que Mona dança como se o corpo libertasse o caos da alma. E embora a força deste momento seja o melhor de Os Dois Amigos, há uma generalizada robustez que assinala um bom princípio..Classificação: ***