Um acordo, um fist bump, uma homenagem e a hora de La Meloni?

Publicado a
Atualizado a

Biden e MBS: como um fist bump pode manchar um legado

Quando Joe Biden deixou Jidá, após 24 horas na Arábia Saudita, uma só imagem pairava nas mentes do mundo: a do presidente americano a chocar os punhos com Mohammed bin Salman, ou MBS, o príncipe herdeiro saudita (e líder "de facto" do país). Na sua primeira visita ao Médio Oriente desde que chegou à Casa Branca, Biden conseguiu, no mínimo, manchar a imagem de defensor dos direitos humanos. Afinal, o homem que prometeu tornar a Arábia Saudita num "pária" devido às suas violações dos direitos humanos ser visto num fist bump com MBS, o príncipe que a secreta americana acredita ter aprovado em 2018 a operação que levou ao assassínio e desmembramento do jornalista Jamal Khashoggi, não traz boa publicidade. Menos ainda quando a imagem acaba na capa do The Washington Post, onde Khashoggi era colunista. Mesmo que Biden garanta ter confrontado os líderes sauditas com o crime.

Fogos mortíferos em Portugal e vaga de calor na Europa

Chega o verão e o calor e o cenário repete-se ano após ano. Portugal a arder, populações desesperadas, bombeiros exaustos e a contagem de meios aéreos e homens no local. E depois do trauma de Pedrógão Grande, quando 66 pessoas morreram num só dia em 2017, o fogo voltou a matar. Um casal de idosos de Murça foi encontrado morto carbonizado no seu carro depois de sofrerem um "despiste seguido de capotamento". Se dúvidas houvesse dos efeitos devastadores das alterações climáticas, basta olhar para a Europa por estes dias, atingida por uma vaga de calor que colocou os termómetros em várias zonas de Espanha, França e até do Reino Unido acima dos 40 graus. Até agora, já ardeu mais área este ano em Portugal, França e Espanha do que na totalidade de 2021.

Honoris Causa para Adriano Moreira antes dos 100 anos

Prestes a fazer 100 anos - a 6 de setembro - Adriano Moreira recebeu o Grau Doutor Honoris Causa pelo Instituto Universitário Militar. A cerimónia foi presidida por pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e contou com toda a família do professor. Figura do Estado Novo, tendo sido ministro do Ultramar, em democracia foi presidente do CDS e deputado durante longos anos. Colunista do DN, onde semanalmente escreve sobre geopolítica, área em que tem um extenso trabalho, Adriano Moreira é ainda autor de extensa bibliografia. "O genial em ti talvez seja isso mesmo. O encontro e o desencontro com a história de que falou Marcelo Rebelo de Sousa. Hoje foi inesquecível, pai. Só quem viu pode perceber a dimensão desta manhã. Amo-te", escreveu a filha e deputada socialista, Isabel Moreira

Último adeus à senhora da cozinha portuguesa

Descoberta em 1958 por uma reportagem da RTP no Liceu Francês sobre uma peça de Molière, a professora de trabalhos manuais Maria de Lourdes Modesto foi primeiro desafiada a ter um programa cultural na televisão. Recusou, optou por um destinado às mulheres e "quis o destino que o tema do primeiro fosse arranjos de flores e que em jeito de atrevimento Maria de Lourdes Modesto optasse por mostrar como cozinhar e comer alcachofras". Fernando Melo descrevia assim no DN os primeiros passos da senhora da cozinha portuguesa por ocasião do seu 90.º aniversário em 2020. Palavras que recupero agora que Portugal se despediu daquela a que o The New York Times chamou em 1987 a Julia Child portuguesa, que morreu esta terça-feira, aos 92 anos.

Estado da Nação: o debate de dois países opostos

Foi o primeiro debate do Estado da Nação desde que o PS de António Costa conquistou a maioria absoluta nas eleições de janeiro. E o primeiro-ministro fez questão de mostrar que o governo não perdeu ímpeto reformista. Num debate que mostrou dois países opostos, a oposição falou em "caos" e o executivo respondeu com "desafios". Com as consequências da guerra na Ucrânia a pesar no bolso dos portugueses, Costa lá admitiu que "o efeito da inflação será mais duradouro do que previsto" e prometeu que em setembro o governo irá anunciar novo pacote de apoios a famílias e empresas. Conformada está também a rutura entre o primeiro-ministro e a líder do BE. E se o novo líder do PSD não se senta no hemiciclo (viu o debate de um gabinete no Parlamento), Costa não se esqueceu do maior partido da oposição, aproveitando para colar os sociais-democratas a Passos Coelho.

Sai Draghi, mas terá chegado a hora de La Meloni?

Após 18 meses à frente de um governo de salvação nacional, Mario Draghi apresentou a demissão. A crise no executivo ia longa, mas a gota de água foi a retirada do apoio do Movimento 5 Estrelas. Após perder também o apoio da direita, o ex-presidente do BCE fica interino até às eleições de 25 de setembro. Em plena crise económica e social, com a inflação a disparar e a pandemia, nova instabilidade era a última coisa que Itália precisava. Olhando para as sondagens, a direita - a Liga de Salvini, a Força Itália de Berlusconi e os Irmãos de Itália de Meloni - deverá vencer 221 dos 400 deputado a que a mudança na lei eleitoral reduz o parlamento italiano. Aos 45 anos, Giorgia Meloni pode tornar-se na primeira primeira-ministra de Itália. A romana começou a militar aos 15 anos nos neofascistas, tem vindo a moderar posições. Resta saber se consegue ultrapassar as divergências e gerir os egos de Salvini e Berlusconi.

Acordo sobre os cereais é "um alívio para o mundo"

Rússia e Ucrânia assinaram em Istambul um acordo com a Turquia e a ONU sobre a exportação de cereais e produtos agrícolas através do Mar Negro. A pedido do governo ucraniano, Kiev e Moscovo assinaram dois textos idênticos, mas em separado. "Um alívio para o mundo", resumiu o secretário-geral da ONU. António Guterres elogiou a Ucrânia e a Rússia por terem ultrapassado os obstáculos e chegado a acordo e agradeceu à Turquia pela mediação e pela participação que terá no seu cumprimento. A cerimónia no palácio Dolmabahce é o culminar de dois meses de duras negociações e um momento de vitória tanto para Guterres como para Erdogan, que se ofereceu como mediador logo após a invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro. Válido por quatro meses, o acordo é renovável.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt