Um 'resort' ecológico entre a praia e a planície

O Zmar não é um hotel, apesar de dispor de capacidade para 460 pessoas em casas de madeira equipadas com painéis solares.
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A abertura ao público ocorreu já com a crise financeira perfeitamente instalada e a aconselhar menos arrojo nos investimentos. Foi em Julho de 2009. "Não podia voltar para trás", diz Francisco de Mello Breyner, administrador do Zmar, apanhado pelas dificuldades da conjuntura económica quando tinha em marcha um investimento turístico de 25 milhões de euros numa antiga propriedade agrícola em Odemira.

Dois anos depois confessa que a "audácia" de avançar com o projecto acabou por dar bons resultados: "Está a correr muito bem. Hoje [3 de Setembro] temos 700 pessoas alojadas. Não haverá nenhum hotel em Portugal, nesta data, com tanta gente."

O Zmar não é um hotel, apesar de dispor de capacidade para 460 pessoas em casas de madeira com diversas configurações e equipadas com painéis solares térmicos. Também não é apenas um imenso parque de campismo de luxo, preparado para acolher centenas de pessoas em "alvéolos" com água, electricidade e serviço wi-fi gratuito. A estas ofertas junta diversas infra-estruturas de apoio, como restaurante, piscina de ondas, SPA e uma "tenda zen multiusos" para a realização de festas e eventos. Chamam-lhe um resort ecológico.

"Foi um enorme desafio pensar num projecto hoteleiro para esta região e conseguir provar que se podem fazem empreendimentos turísticos em zonas sensíveis", diz Francisco de Mello Breyner, recordando que o Zmar - Eco Campo, Resort & SPA fica encostado ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, "conciliando o melhor de dois mundos, o mar e o campo". Que é como quem diz, a praia e a planície alentejana.

O projecto destaca-se pela sua concepção ecológica: os edifícios foram construídos em madeira proveniente de florestas sustentáveis, há uma gestão de consumos de água e de energia, a reciclagem permitiu transformar 380 toneladas de plástico em mobiliário urbano, foram plantadas cinco mil árvores, incluindo sobreiros e oliveiras, e o recinto está equipado com estações de tratamento de água e de águas residuais. Este ano, o Turismo de Portugal atribuiu-lhe o prémio de sustentabilidade ambiental.

"Fomos pioneiros neste domínio", diz o administrador. "Foi a vida que nos empurrou para aqui e ainda bem que o fizemos, pois é uma região que não está nada estragada." As praias de Almograve, Zambujeira do Mar, Carvalhal e a foz da ribeira de Odeceixe ficam a "dois passos" do Zmar. No Parque Natural há diversos percursos (a pé, de automóvel e subaquáticos) para conhecer a flora e fauna da região. E pelo interior do concelho de Odemira há caminhos na serra ou na várzea através dos quais é possível visitar moinhos centenários, subir o Rio Mira, descobrir a Barragem de Santa Clara ou percorrer aldeias tipicamente alentejanas.

Natureza, ecologia e sustentabilidade são "três coordenadas" que Francisco de Mello Breyner não se cansa de sublinhar. "O exemplo não é a melhor maneira de influenciar alguém. É a única." E o seu é, também, um exemplo de persistência ou não tivessem sido necessários quatro anos para conseguir licenciar o empreendimento. "Tendo em conta o que normalmente sucede em Portugal, não foi nada mau. Foi até um recorde olímpico num país onde demora um ano para licenciar três passos em frente", ironiza.

Embora tendo capacidade para alojar duas mil pessoas, o parque não é um destino de "massas" - "isto é uma propriedade de 80 hectares" -, sendo procurado essencialmente por famílias com crianças e casais seniores. A esmagadora maioria (90%) dos clientes é portuguesa. E se os estrangeiros ainda não descobriram o Zmar, os proprietários preparam-se para "exportar" o conceito para o Brasil.

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