Última coreografia de Pina Bausch vista no Chile em 2010
A nova obra da coreógrafa alemã - cujo desaparecimento provocou a consternação no meio da dança a nível mundial - será interpretada pela companhia Tanztheater Wuppertal neste evento que assinala a comemoração do bicentenário da independência chilena.
"A companhia continua a trabalhar e esta será uma grande homenagem a Pina Bausch no Chile, país ao qual dedicou a sua última obra", afirmou terça-feira a directora do certame dedicado ao teatro, Carmen Romero, em declarações ao diário chileno "El Mercurio".
"O Chile está na dança de Pina Bausch. Não é uma fotografia ou um postal, mas sente-se que mostra o nosso país da mesma forma. Isso é alucinante, ver como ela nos percebeu. É uma obra preciosa", comentou ainda sobre o último trabalho da coreógrafa, estreado há duas semanas na Alemanha.
A ministra da Cultura do Chile, Paulina Urrutia, lamentou o falecimento de Pina Bausch - anteriormente condecorada com a Ordem de Mérito Cultural Pablo Neruda pela presidente chilena, Michelle Bachelet - e recordou o talento da coreógrafa que uniu em palco a dança e o teatro, revolucionando a dança contemporânea.
"Falar de Pina Bausch é referir-se a uma das grandes coreógrafas a nível mundial, pioneira da dança-teatro, uma diva da arte da dança", assinalou, em comunicado, a Chefe de Estado chilena, que recordou ainda a colaboração da artista com realizadores de cinema como Pedro Almodóvar e Federico Fellini.
Pina Bausch visitou o Chile pela primeira vez en 1980, quando conheceu o chileno Ronald Kay, que se tornaria seu marido e pai do único filho da coreógrafa.
A ligação especial ao país levou a coreógrafa a dedicar-lhe o último trabalho, inspirado em bailes, música e paisagens locais, com canções de Víctor Jara, Violeta Parra e Chico Trujillo, entre outros artistas chilenos.
A criação de obras inspiradas em determinadas cidades do mundo, espelhando a visão da coreógrafa sobre a cultura do país, foi um dos traços marcantes das últimas décadas do trabalho de Pina Bausch, reflectido em obras emblemáticas como "Mazurca Fogo" (1998), sobre Lisboa, e também "Aqua" (2001), no Brasil, e "Ten Chi" (2004), no Japão.