Na conferência de imprensa no final da 22.ª cimeira UE-Japão, hoje celebrada na capital belga, os presidentes da Comissão Europeia, Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, discutiram as negociações em curso em torno de dois acordos bilaterais, um de parceria estratégica e um outro de comércio livre, ambas lançadas há cerca de um ano (em abril de 2013), e que entram agora numa fase decisiva..Enquanto a parceria estratégica visa reforçar ainda mais os laços políticos entre as duas partes - incluindo ao nível de política externa e de segurança -, o acordo de comércio livre tem como objetivo reforçar a relação comercial entre as duas partes, sendo que o Japão, a quarta maior economia do globo, é já o segundo maior parceiro comercial da UE na Ásia, a seguir à China..José Manuel Durão Barroso disse que UE e Japão concordaram em "acelerar o ritmo das negociações" em busca de um "acordo ambicioso", que disse acreditar ser "certamente um dos mais importantes" a celebrar no futuro próximo à escala mundial em termos comerciais..Também Shinzo Abe garantiu que Tóquio está comprometido em dar um novo impulso às negociações iniciadas há cerca de um ano, com um espírito negocial "pró-ativo", e, questionado sobre um objetivo temporal, apontou já o próximo ano de 2015 como meta para a celebração deste acordo comercial com a União Europeia..Sintonia sobre a Ucrânia.Sobre a situação na Ucrânia, Ue e Japão sublinharam a importância de defender a estabilização do país e manter a pressão diplomática sobre a Rússia. Durão Barroso, Van Rompuy e Shinzo Abe destacaram que é crucial que as eleições presidenciais de 25 de maio na Ucrânia decorram de forma livre e justa..Os responsáveis políticos da UE e do Japão garantiram trabalhar em coordenação para contribuir para uma solução pacífica para uma situação que admitiram ser "muito grave" - também no quadro do G7 -, tendo recordado que ambas as partes se têm empenhado, por um lado, no apoio (financeiro e não só) à estabilização da Ucrânia, e na busca de diálogo com Moscovo, mas mantendo a pressão através de sanções, para já no domínio da facilitação de vistos..Reiterando que é necessário salvaguardar a integridade territorial e soberania da Ucrânia - colocada em causa desde logo pela anexação, "à força", da Crimeia, como a classificou o primeiro-ministro Abe -, UE e Japão insistiram na necessidade de se buscar uma solução diplomática para o conflito, que poderá até passar, segundo Van Rompuy, por uma "Genebra II", ou seja, uma nova reunião que junte à mesa todas as partes..Apontando que a situação na Ucrânia "é a prova de que o mundo está a tornar-se menos previsível", a UE e Japão têm a "responsabilidade de ter um papel ativo conjunto em defesa da paz", defendendo o primeiro-ministro que se deve "manter a janela de diálogo com a Rússia".."É importante manter essa janela aberta, e espero que a Rússia se comprometa nas negociações", disse..Também Van Rompuy defendeu essa ideia, asseverando que a UE está aberta ao diálogo e a uma nova ronda negocial em Genebra, mas advertiu também que "mais passos da Rússia no sentido de desestabilizar" a Ucrânia levarão a novas sanções por parte da Europa.."Estamos prontos para tomar decisões (de sanções) se necessário", garantiu..Já o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, destacou o apoio que Bruxelas tem prestado a Kiev para a estabilização política e económica da Ucrânia e indicou que o seu executivo comunitário irá reunir-se com o governo ucraniano na próxima terça-feira, em Bruxelas..Abe, Barroso e Rompuy voltarão a discutir a situação na Ucrânia em Bruxelas, com mais interlocutores, dentro de sensivelmente um mês, por ocasião da cimeira do G7 (a 4 e 5 de junho), cujo formato foi reduzido dos oito para os sete países mais industrializados e cujo local foi transferido para a capital belga, na sequência da exclusão da Rússia, precisamente devido à anexação da Crimeia e situação na Ucrânia.