Ucrânia: vejam no que se estão a meter

Alguém sabe o que quer dizer Ucrânia? Significa " o que está na fronteira", de "kraina" fronteira em russo e país em ucraniano. "U" significa o que está "à beira de". Foi denominada em tempos imperiais de russia inferior (nijnaia rossia).
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Em 1000 depois de Cristo os irmãos Kiril, oriundos da Bulgária, trouxeram não só a cristianização para a Russia, mas também o alfabeto. O povo falava, mas não escrevia. Fundou o alfabeto Cirilico, ainda hoje em vigor.

Foi na época em que a capital da emergente nação russa se situava na "Kievskaia Rus" ou Russia de Kiev. Por força da invasões de oriente (Gengis Khan) moveram-se erraticamente para norte, e instalaram-se ao redor do que hoje é Moscovo.

Eslavo significa escravo; era assim que os conquistadores escandinavos chamavam aos autóctones. São Slaviani... Tal como Adolf Hitler os denominou recentemente...

A Ucrânia crê-se fundada por Danilo Galitski, nobre de origem polaca, que fundou o reino da Galitsia, hoje território da Ucrânia ocidental (Lviv) e sul da polónia. Este reino durou pouco tempo, pois os poderes dos senhores polacos e lituanos depressa os destruíram, embora se originasse uma "cultura" e identidade ucraniana.

O afastamento geográfico enorme em relação às origens deram a emergência de uma nação de Russia inferior, ou Ucrânia (note-se que a Holanda ainda é hoje designada de Alemanha inferior, por muito que custe e que não corresponda à realidade... são dados de história, mais nada, sem aferências culturais).

A cultura própria ucraniana desenvolve-se no século XVII, com pensadores e escritores como Gogol, Taras Shevshvenko, etc.

Aqui já se nota uma cultura distinta e tendência de nacionalidade diversa; os cossacos de Zaporozhie são disso um exemplo. Guerreiros exímios, da prikarpatie (sistema montanhoso a 50 km de Lviv) por diversas vezes mostram a sua valentia, ao serviço de quem lhes melhor servia, por vezes do poder russo.

Terreno fértil, em especial na zona oriental, perto da zona da "terra negra" onde cresce trigo de bom valor, em tempos conhecido como o celeiro da Russia.

Só que em termos culturais existe uma diferença enorme entre a Ucrânia nacionalista do ocidente, sediada em Lviv, e a Ucrânia russófona do oriente.

A primeira mais primitiva, dedicada à agricultura arcaica (fonte dos emigrantes que temos por cá) e a segunda mais culta e dedicada à industria.

Acresce o problema da Crimeia, zona cedida por Stalin à Ucrânia por altura de um seu aniversário. Nunca foi ucraniana, nunca se falou ucraniano aí.

Disputada territorialmente pelas potências russas e dos USA (e Europa uma vez mais faz figura de tonta), a localização geoestratégica deste território maior que a França não permite ao poder russo perdê-lo. Tenha os custos que tiver.

Em nome das pessoas que lá vivem, cultas, bem formadas e bem intencionadas, pedia-se que os poderes em jogo se pusessem de acordo, de forma a evitar uma guerra Este-Oeste, de carnificina e ódios latentes quanto recentes.

Está a Europa à altura deste compromisso? Parece que não. Tanto neste como noutros planos, sem uma estratégia adequada, sem que a soma das partes valha alguma coisa, será, uma vez mais instrumento do poder dos EUA do que de si própria.

O rearmamento russo está em marcha e com os timings adequados; preparem-se para que a Europa, a nossa querida Europa seja uma vez mais arrastada de olhos vendados para uma realidade da qual acorda à bomba e sairá derrotada enquanto um todo.

E quem lucra com a crise, também lucrará com a guerra...

Abram os olhos e vejam no que se estão a meter.

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