Serão os Gato Fedorento sinónimo de boas audiências? Sim. As estações estão interessadas neles e continuam a enviar convites? Também. Será o orçamento do quarteto demasiado elevado para a televisão actual? Não. Depois de dois anos fora do pequeno ecrã, fica a dúvida: porquê a ausência de Ricardo Araújo Pereira, José Diogo Quintela, Miguel Góis e Tiago Dores? O problema aqui... é o formato de televisão.."Voltar em 2012 não é um cenário provável. Temos convites dos canais generalistas, interesse que prezamos. Não só da SIC, todos os canais nos abordaram no fim do contrato (2009) e, volta e meia, renovam o convite. Mas neste momento, estamos a pensar no que havemos de fazer. Estamos numa fase em que não sabemos bem o que se pode seguir para nós, enquanto Gato Fedorento", contou à NTV Ricardo Araújo Pereira. O humorista, que refere sentir na rua a vontade do público de os ter de volta à TV, acrescenta que o regresso poderia ter sido este ano. "Houve a hipótese de repetirmos o Esmiúça os Sufrágios na SIC, nas últimas eleições, mas achámos que não o devíamos fazer para não sermos repetitivos", justifica o "líder" do quarteto-fenómeno. O mesmo explica que a ausência dos Gato não se prende por razões financeiras. "Claro que há dinheiro para nos contratar. O problema não é esse", afirma Araújo Pereira..Depois de sete anos a fazer rir no pequeno ecrã, saltando da SIC Radical (Série Fonseca e Série Barbosa) para a RTP (Série Lopes da Silva e Diz Que É Uma Espécie de Magazine, e culminando, depois, na SIC (Zé Carlos e Esmiúça os Sufrágios), os quatro têm-se dedicado às campanhas da PT e da MEO, com quem trabalham desde 2006. O último projecto da sinergia é o Fora da Box. "Não é uma série de TV, é um anúncio num formato diferente, que sai de três em três meses", explica Ricardo Araújo Pereira. Com o quarto episódio a estrear-se em Novembro, na Web, os Gato Fedorento chegam ao final do contrato que os une à operadora. "O contrato termina no final do ano, vamos ver o que acontece a seguir...", deixa no ar Araújo Pereira. Apesar do silêncio em torno do orçamento do quarteto, em 2010, um jornal avançou que a PT terá pago uma verba total de 2,24 milhões de euros, a dividir pelos quatro elementos..Além disso, Ricardo Araújo Pereira tem-se dedicado às crónicas semanais na Visão e à colaboração no programa da TSF Governo-Sombra. José Diogo Quintela escreveu artigos de opinião para A Bola e para o Público, foi jurado no concurso Achas Que Sabes Dançar (SIC) e abriu recentemente uma padaria, em Lisboa. Já Tiago Dores tem participado em torneios de ténis, em Espanha. Miguel Góis continua como colunista do jornal Record..A ausência do quarteto tem sido também lamentada por profissionais da televisão. Herman José não tem dúvidas: "Gente com aquele talento e frescura faz sempre falta. O nosso universo de criadores é pequeno de mais para não se ressentir com a sua ausência", explica o humorista, acrescentando que o êxito dos Gato "não se explica, acontece quando capacidade de trabalho, talento e sorte se juntam", diz Herman..Nilton concorda. "Fazem sempre falta bons produtos na TV e os Gato são um exemplo disso. O humor deles é inteligente e assertivo", explica o apresentador de 5 para a Meia-Noite. Pedro Boucherie Mendes, director-geral da SIC Radical, é claro: "A inteligência faz sempre falta à nossa TV. Eles têm uma invulgar qualidade no texto, autenticidade e muito boa química entre os quatro", explica Boucherie..Mas, afinal, o que poderão fazer os Gato a seguir? "Eles já fizeram quase tudo. Talvez pudessem fazer uma sitcom agora", diz Nilton. Boucherie apostaria num "formato fora do registo habitual deles, uma coisa mais de rua", adianta o director dos canais temáticos da SIC. Herman José difere: "Fazem bem em preservar-se enquanto dura a campanha da MEO, para evitar os efeitos nefastos da sobreexposição mediática", remata Herman.