Turull foi a votos e a Catalunha continua sem presidente

Abstenção da CUP impediu eleição de ex-conselheiro de Puigdemont. Segunda votação ficou marcada para amanhã
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Evitando falar em independência e apelando a restituição da autonomia à Catalunha, Jordi Turull defendeu ontem a sua candidatura à presidência da Generalitat perante os deputados, apesar dos riscos que esta implica. "Não baixaremos a cabeça perante a injustiça, o medo e as ameaças", disse, acrescentando: "Prefiro assumir o risco de ser vítima do que baixar a cabeça. Por isso estou aqui".

"Mão estendida. Por nós não faltará uma mão estendida se houver a mais mínima resposta e esperança de receber a mão estendida do chefe de Estado ou do governo espanhol", prosseguiu o ex-conselheiro do executivo de Carles Puigdemont. Turull sublinhou ainda que esta busca de diálogo não é sinónimo de "debilidades ou renúncias". Palavras como república, independência ou autodeterminação ficaram de fora da sua intervenção inicial. Na fase de resposta aos partidos, mudou ligeiramente o registo, apesar de continuar a falar em diálogo. "Sempre fui independentista e sempre serei", afirmou o deputado do Junts per Catalunya.

Este foi um debate de investidura que antes de começar já se conhecia o seu desfecho, devido ao anúncio, feito pela CUP, de que os seus quatro deputados se iriam abster. Decisão que impediu Jordi Turull de obter uma maioria absoluta dos votos (68 votos) e ser eleito presidente da Generalitat à primeira volta. Ontem, o deputado disse confiar que conseguirá convencer a CUP a apoiá-lo no segundo debate, marcado para sábado, e no qual só precisa de uma maioria simples.

O plenário de ontem marcou também o início da contagem do prazo de dois meses, estabelecido pelo regulamento do Parlament, para que haja uma investidura. Caso tal não aconteça, terão de se convocar novas eleições.

O bloco independentista - Junts per Catalunya, ERC e CUP - tem 70 deputados. A questão é que não pode contar com os votos de Carles Puigdemont e Antoni Comín, exilados em Bruxelas (ao contrário do que acontece com Oriol Junqueras e Jordi Sànchez, ambos detidos, que foram autorizados a delegar o seu voto), o que deixa o bloco com 68 votos úteis. Sem os quatro deputados da CUP, Turull só contava com o apoio de 64 deputados, um a menos que os 65 da oposição. Se este cenário se mantiver no sábado, Turull falhará mais uma vez a sua eleição.

Outra grande incógnita é o que acontecerá hoje a Jordi Turull, que terá de se apresentar logo pela manhã em Madrid perante o juiz Pablo Llarena, do Supremo, para que seja revista a sua medida de coação. O ex-conselheiro encontra-se em liberdade depois de ter pago fiança e teme-se que possa ser reenviado para a prisão. Esta possibilidade foi aliás o que levou na quarta-feira, ao início da noite, o presidente do Parlament a contactar todos os partidos por telefone de forma a marcar a sessão de investidura para ontem. Inicialmente, antes de ser conhecida a convocatória do tribunal, o plano de Roger Torrent era ter começado ontem a audição dos partidos e provavelmente marcar a sessão de investidura para a próxima semana.

No final da sessão de ontem, as eleitas da ERC Marta Rovira, Carme Forcadell e Dolores Bassa, que terão hoje de se apresentar também no Supremo, anunciaram que renunciavam ao cargo de deputadas "para não interferir na atividade democrática do Parlament e para que nenhum juiz possa fazer chantagem com a vontade democrática do povo da Catalunha".

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