Turismo já criou 45 mil novos postos de trabalho neste ano
O turismo foi responsável pela criação de 45 mil novos empregos entre janeiro e setembro deste ano, com a restauração a representar mais de metade dos novos postos de trabalho, gerando 28 mil empregos, reflexo já, em grande parte, da descida do IVA.
"Neste ano, o turismo está a bater recordes em termos de criação de riqueza, do número de turistas e está a bater recordes na criação de emprego. Pela primeira vez nos últimos seis anos, o turismo em vez de estar a perder empregos está a criar. Há um crescimento significativo no número de pessoas declaradas à Segurança Social", garante Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, em declarações ao DN/Dinheiro Vivo.
De acordo com os últimos dados, até ao final do terceiro trimestre, o número de trabalhadores do Turismo registados na Segurança Social subiu de pouco mais de 302 mil para 348 mil, representando já 8,2% da população ativa.
Ana Mendes Godinho admite um abrandamento até ao final do ano devido à sazonalidade, "mas temos de trabalhar tendo em conta a sazonalidade e garantir que a atividade é sustentável. Se compararmos setembro deste ano com o mesmo período do ano passado, temos mais 30 mil pessoas a trabalhar em turismo. Estamos a conseguir de facto que se transforme numa atividade que acontece durante todo o ano e que gera emprego qualificado".
As áreas de mais crescimento são as de animação turística (+28,28%), alojamento (+22,6%) e da restauração (+12,85%), tendo esta última sido responsável por uma fatia de 69% do total dos empregos criados até ao final de setembro. O alojamento corresponde a 21% e as agências de viagens a 4%, segundo os dados a que o DN/Dinheiro Vivo teve acesso. A secretária de Estado do Turismo justifica o aumento do emprego na restauração com a descida do IVA de 23% para 13%. "Registou-se a criação de 28 mil empregos, o que mostra bem a confiança dos empresários."
Sem surpresas, o Algarve é a região que mais cresce, com Faro a registar um aumento de 58,35%. O destaque, contudo, vai para os Açores, onde a chegada de companhias aéreas low cost levou a um aumento de 14% nas dormidas no primeiro semestre e a uma subida de 21,8% no número de postos de trabalho desde o início do ano. Leiria e Beja também registaram aumentos de 18% e 23% no emprego no setor, o que mostra um crescimento das atividades turísticas na região. Já em Lisboa os empregos no turismo aumentaram 9,71% até setembro e numa altura em que a capital se prepara para receber 50 mil participantes na Web Summit, que arranca já na próxima segunda-feira.
A aposta no turismo tem sido uma das bandeiras deste governo: o setor representou já 6,4% do produto interno bruto (PIB) em 2015, gerando receitas de 11,4 mil milhões de euros. Para 2016, a previsão é de 12,4 mil milhões de receitas geradas e a expectativa é de que, até 2026, o setor represente 7,3% do PIB, segundo dados do Conselho Mundial de Viagens de Turismo. O turismo é ainda responsável por 15,3% das exportações portuguesas.
Em 2015, Portugal recebeu 17,4 milhões de turistas e, só no primeiro semestre deste ano, as dormidas ultrapassaram os 8,5 milhões. Os principais mercados emissores de turistas para Portugal são o Reino Unido (27,7% do total), a Alemanha (13,3%) e a França (11,1%).
Portugal - tal como Espanha, Itália e a Grécia - tem beneficiado da instabilidade política no Médio Oriente e na Turquia e da crise dos refugiados, que levou muitos turistas a fugirem de destinos tradicionais, por exemplo, no Norte de África. E até os recentes atentados terroristas em França acabaram também por beneficiar destinos considerados mais seguros como Portugal - desde o massacre no Bataclan (há um ano) e em Nice (julho último), o número de turistas em França caiu mais de 10%.