Tanto o turismo e restauração, como o comércio e serviços, que pediam um prolongamento do lay-off simplificado, pelo menos no verão, consideram que o apoio à retoma progressiva, anunciado nesta segunda-feira após o Conselho de Ministros, não chega para ajudar as empresas..O regime de lay-off simplificado termina para a maioria das empresas, sendo substituído a partir de sábado (1 de agosto) por medidas de apoio a sociedades com perdas de receita de pelo menos 40%. Está ainda previsto mais apoios para quebras iguais ou acima de 75%..Ana Jacinto, secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), diz ao Dinheiro Vivo que "o que está a acontecer é que as empresas chegam ao final do mês e vêm que o que está a entrar na caixa registadora é insuficiente para colmatar os custos todos que têm". E recorda os dados mais recentes do inquérito mensal que lançaram aos associados: "50% das empresas de restauração e bebidas tinham registado uma quebra superior a 60% em junho deste ano. Mais de metade destas empresas tiveram quebras acima dos 80%"..Na hotelaria, o panorama não era muito melhor: "Cerca de 50% das empresas esperavam uma taxa de ocupação máxima de 25% para os meses de julho a setembro. E 18% declaravam a intenção de avançar para a insolvência". Por isso, "se já dizíamos que os apoios eram insuficientes mesmo com o lay-off simplificado, este sucedâneo não vai resolver nada. Vai agravar porque a responsabilidade e os encargos das nossas empresas vão aumentar com uma faturação diminuída"..E nem agosto, mês em que muitos gozam férias, deverá fazer uma diferença significativa. Com a atividade turística dependente sobretudo do turismo interno, algumas regiões podem ter um aumento de procura, mas a capacidade instalada em Portugal "está muito dimensionada para uma procura muito maior que não vai existir"..O Algarve, uma das regiões que mais sente os efeitos da crise no turismo, também defende que estas medidas não respondem a todas as necessidades. "Estas medidas poderão, porventura, ajustar-se às necessidade e às exigências de outros setores de atividade no resto do país, mas não satisfazem, naturalmente, a situação do Algarve", disse Elidérico Viegas, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), após um encontro com a secretária de Estado do Turismo..João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), defende que o sucessor do lay-off simplificado não é "adequado ao nível de retoma existente". Isto até porque, disse à Lusa, as novas medidas determinam que todos os trabalhadores voltam ao ativo, uma vez que, ao contrário do lay-off simplificado, não permite a suspensão de contratos, apenas a redução de horário..O responsável nota que "nem o nível de retoma económica nem as características das empresas lhes permitem garantir que tenham toda a gente no ativo, umas a 30%, outras a 50% ou a 60%, vai ser um processo muito complexo de gerir"..Por isso, e tal como a AHRESP e outras associações ligadas ao turismo, a CCP defende que teria sido "preferível" um alargamento do regime de lay-off simplificado, mas até setembro, altura em que seria feita uma avaliação da situação da economia nacional e do emprego..Ana Laranjeiro é jornalista do Dinheiro Vivo