A obra, bandeira eleitoral de Pedro Santana Lopes (PSD) nas autárquicas de 2001, começou a ser construída em 2003, gerando forte contestação, incluindo uma providência cautelar que obrigou à paragem da empreitada interposta pelo advogado José Sá Fernandes, hoje vereador na capital. O túnel abriu ao trânsito em 25 de abril de 2007, mas só há três semanas ficou concluído, com a abertura da saída para a Avenida António Augusto de Aguiar.."Foi uma obra importantíssima para Lisboa, que passou a ter um escape para entrada e saída", defende o presidente do Automóvel Clube de Lisboa. .Carlos Barbosa sustenta que o presidente e o vice-presidente da câmara, António Costa e Manuel Salgado, "odeiam carros". No entanto, "a solução não é tirar os carros da cidade, mas sim procurar alternativas para a mobilidade"..Opinião igualmente favorável tem o presidente da Associação Nacional de Transportadores em Automóveis Ligeiros, Florêncio Almeida, que acredita que o túnel "foi das melhores obras que se fez nos últimos anos em Lisboa". ."A contestação foi injusta, perdeu-se muito tempo por causa disso. Quem fez com que a obra estivesse parada deveria indemnizar a câmara pelos prejuízos causados. Essa pessoa, infelizmente, é hoje vereador da câmara", refere o representante dos taxistas, defendendo a construção de um túnel entre a Avenida Fontes Pereira de Melo e o Campo Grande "para descongestionar o eixo central". ."Claramente positivo" é o balanço do especialista José Manuel Viegas. A construção "não era absolutamente vital", mas permitiu "servir melhor as pessoas que trazem carro para Lisboa". Mesmo a "olho nu, vê-se que aquilo funciona", afirma..Para o especialista, "falta uma peça fundamental para o tráfego nas circulares da cidade": um túnel na zona do cruzamento com a Rua Alexandre Herculano, que permitiria a passagem da Infante Santo para a Avenida Almirante Reis..Já o presidente da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados considera que o Túnel do Marquês é "um colossal erro em termos de mobilidade", argumentando que "não se resolvem problemas de mobilidade facilitando os acessos, mas sim impedindo-os"..Para Manuel João Ramos, representou "um desperdício terrível de dinheiro, que devia ter sido gasto, por exemplo, em ciclovias, que em Lisboa são meramente decorativas e sem funcionalidade para a mobilidade urbana". Além disso, não foi construído "a pensar nos lisboetas, mas para facilitar o acesso a partir da periferia, que é o eleitorado natural do PSD"..A Quercus, que pediu a realização de um referendo local, considera que a obra "não resolveu os problemas de poluição" na zona do túnel e na Avenida da Liberdade, a via mais poluída de Portugal. A associação ambientalista admite que a infraestrutura não tenha acarretado o aumento até 100 mil veículos/dia -- como admitiu então -, mas acredita que gerou "maior atratividade"..O vereador da Mobilidade, Fernando Nunes da Silva, considera que "o mais importante é que a obra se tenha concluído e que se tenha resolvido o diferendo" com o consórcio construtor, que culminou no pagamento de 22,2 milhões de euros pela autarquia. .Na sua opinião, este "não seria o desenho adequado para a resolução do problema dos acessos à zona do Marquês", porque não responde às "ligações principais, da Fontes Pereira de Melo com a Rua Braancamp e com a Avenida da Liberdade"..Outra solução poderia ter sido, diz, o prolongamento do túnel na Fontes Pereira de Melo para lá da Avenida António Augusto de Aguiar, até Picoas, enquanto o cruzamento entre estas duas avenidas poderia manter-se à superfície. ."A oposição que foi feita na altura deu contributos importantes para a segurança e para minimizar os impactos ambientais, apesar de ter acarretado mais custos", aponta..A Lusa procurou obter uma posição do vereador do Ambiente, José Sá Fernandes, o que não foi possível.