Trump pondera realizar teste nuclear
A discussão da possibilidade de realizar um teste nuclear ocorreu durante uma reunião do executivo de Donald Trump, realizada no dia 15, informou o Washington Post. A concretizar-se representaria uma rutura da política de defesa seguida pelo país.
Depois do teste realizado em 1992, o presidente George Bush declarou uma moratória.
A reunião terminou sem uma decisão, e as fontes ouvida pelo jornal divergem sobre o futuro das discussões.
Washington alega, sem fornecer provas, que a Moscovo e Pequim realizaram testes nucleares secretos. Moscovo e Pequim negaram.
Para o alto funcionário da administração citado pelo Washington Post, demonstrar que os Estados Unidos são capazes de realizar um teste "rapidamente" seria uma tática de negociação útil no momento em que Washington tenta avançar com um acordo tripartido com a Rússia e a China sobre armas nucleares.
No discurso sobre o estado da união, em 2018, Trump prometeu reforçar as capacidades nucleares dos EUA. "Temos de modernizar e reconstruir o nosso arsenal nuclear, esperemos que nunca tenhamos de o utilizar, mas tornemo-lo tão forte e poderoso que dissuada quaisquer actos de agressão", disse. "Talvez um dia, no futuro, haja um momento mágico em que os países do mundo se reúnam para eliminar as suas armas nucleares. Infelizmente, ainda não chegámos lá."
Nesse mesmo ano, Trump deu ordens para que o centro de testes nucleares no Nevada se preparasse para poder conduzir um teste num prazo de seis meses, como conta a Time.
Para Beatrice Fihn, da Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (ICAN), vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2017, um teste nuclear realizado pelos EUA poderia conduzir o mundo "a uma nova Guerra Fria".
"Também acabaria com qualquer possibilidade de evitar uma nova corrida às armas nucleares. Acabaria com a estrutura global para o controlo de armas", afirmou em comunicado.
A administração Trump tomou decisões que abalaram a política de defesa americana em inúmeras ocasiões.
A notícia do Washington Post foi publicada após o presidente americano anunciar a intenção de retirar os EUA do Tratado dos Céus Abertos, depois de acusar a Rússia de violá-lo.
O tratado, que entrou em vigor em 2002, autoriza os países signatários a realizar voos de observação sobre os territórios de outros estados para verificar movimentos militares.
É o terceiro acordo internacional de defesa que o presidente Trump decide retirar os Estados Unidos, depois do abandono do acordo nuclear com o Irão, denunciado em 2018, e o tratado INF sobre mísseis terrestres de médio alcance com a Rússia, o qual deixou em 2019.