Trump para líder australiano: "Este foi de longe o pior telefonema"

Presidente norte-americano e primeiro-ministro Malcolm Turnbull falaram no sábado. No Twitter, Trump criticou acordo para receber refugiados.
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O presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu rever o "acordo estúpido" que os EUA têm com a Austrália para receber centenas de requerentes de asilo depois de o The Washington Post relatar pormenores da tensa conversa telefónica que teve com o primeiro-ministro australiano no sábado, que terminou de forma abrupta.

Malcolm Turnbull disse aos jornalistas que a chamada telefónica tinha sido franca e sincera mas recusou dar mais detalhes da conversa "privada" que chegou às primeiras páginas dos jornais.

Segundo o The Washington Post, Trump descreveu o telefonema com o líder da Austrália, país que é um dos principais e mais leais aliados dos EUA, como "o pior até agora". O telefonema decorreu um dia depois de Trump assinar a proibição temporária de entrada de refugiados no país.

Os EUA e a Austrália, que tem combatido ao lado das tropas norte-americanas no Iraque e Afeganistão, assinaram um acordo para o acolhimento de refugiados durante a Administração de Barack Obama.

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"Vocês acreditam? A Administração Obama concordou receber milhares de imigrantes ilegais da Austrália. Porquê? Vou estudar este acordo estúpido", escreveu Trump no Twitter.

Como parte do acordo, Washington concordou receber 1250 requerentes de asilo que estão nos campos de processamento das ilhas da Papua Nova Guiné e Nauru. Em troca, Austrália receberia refugiados de El Salvador, Guatemala e Honduras.

Os comentários de Trump colocam ainda mais em dúvida o acordo, que já estava a ser questionado depois da assinatura da ordem executiva que suspendeu o programa de refugiados norte-americano e restringiu as entradas nos EUA de cidadãos de vários países de maioria muçulmana, incluindo Irão, Iraque e Síria.

Muitos dos que estão nos centros de detenção australianos, que têm sido criticados pelas Nações Unidas e associações de direitos humanos, fugiram da violência em países como o Afeganistão, Iraque e Irão.

Citando responsáveis norte-americanos que foram informados do telefonema, o The Washington Post noticiou que Trump tinha dito a Turnbull que tinha falado com outros quatro líderes mundiais no sábado, incluindo o russo Vladimir Putin e o mexicano Enrique Peña Nieto, mas que o deles tinha sido "de longe o pior telefonema".

O telefonema, que estava previsto durar uma hora, acabou ao final de 25 minutos quando Turnbull tentou falar de outros assuntos, como a Síria. Segundo o jornal, Trump acusou a Austrália de tentar exportar "os próximos bombistas de Boston". Além disso, congratulou-se com o tamanho da sua vitória eleitoral.

Turnbull não quis comentar o teor do telefonema: "Estas conversas são conduzidas de forma franca e sincera, privada. Se vierem relatos dele, não vou acrescentar nada", disse aos jornalistas em Melbourne.

O relato do telefonema é considerado um embaraço para Turnbull, cuja coligação tem uma pequena maioria depois das eleições do ano passado. A oposição pediu para o primeiro-ministro confirmar ou negar o relato do telefonema com Trump.

Por outro lado, o relato do The Washington Post mostra também de que forma a Casa Branca suavizou o teor do telefonema. A leitura oficial da conversa com Turnbull indicava que os dois tinham "enfatizado a força e proximidade duradoura da relação entre os EUA e a Austrália que é crítica para a paz, estabilidade e prosperidade na região da Ásia-Pacífico e globalmente".

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