Trump "orgulhoso" com estreia da "mãe de todas as bombas"

Maior bomba não nuclear do arsenal norte-americano foi usada no Afeganistão contra sistema de túneis e grutas do Estado Islâmico, em Nangarhar, junto à fronteira com o Paquistão
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Durante a campanha para as presidenciais norte-americanas, Donald Trump prometeu "bombardear à grande o Estado Islâmico". Ontem cumpriu, lançando a "mãe de todas as bombas" contra o grupo terrorista no Afeganistão. A maior bomba não nuclear do arsenal dos EUA foi lançada pela primeira vez em cenário de combate contra um complexo de túneis e grutas do Estado Islâmico - Província do Khorosan (também conhecido como ISIS-K) no distrito Achin, em Nangarhar, no Afeganistão. Ontem ainda não eram conhecidos os danos causados pela explosão do engenho no terreno.

"Outro trabalho bem-sucedido. Estamos muito orgulhosos dos nossos militares", disse Trump na Casa Branca, recusando contudo dizer se tinha sido ele a dar luz verde para o ataque. "Temos os melhores militares do mundo e eles estão a fazer o trabalho normal deles. Por isso demos-lhes autorização total", indicou. O presidente deu ao Pentágono maior liberdade de ação para atuar em vários cenários de guerra, permitindo maior rapidez na tomada de decisões, depois de a Casa Branca de Barack Obama ser acusada de controlar todos os pormenores. Trump mencionou ontem a "diferença completa" entre as últimas oito semanas" e "o que realmente aconteceu nos últimos oito anos".

A ordem terá partido do general John Nicholson, comandante das Forças Armadas dos EUA no Afeganistão (USFOR), segundo as fontes da CNN. Este teve autorização para usar a arma do comandante do Comando Central dos EUA, general Joseph Votel, segundo o porta-voz do Pentágono, Adam Stump.

Testada pela primeira vez a poucos dias do início da Guerra do Iraque, em 2003, a GBU-43 Massive Ordnance Air Blast Bomb (na sigla MOAB, que lhe vale a alcunha Mother of All Bombs, isto é, "a mãe de todas as bombas"), é um engenho de quase dez toneladas (8,5 das quais de explosivos) orientado através de GPS. Provoca uma explosão com um diâmetro de 1,4 km. Quando foi criada, a GBU-43 era o engenho não nuclear mais potente do mundo, mas em 2007 os russos terão desenvolvido o "pai de todas as bombas", quatro vezes pior.

A GBU-43 foi desenvolvida a partir da BLU-82, conhecida como daisy cutter (cortadora de margaritas), usada na Guerra do Vietname nos anos 1970 e no Afeganistão, em 2001, precisamente contra os túneis dos talibãs. A antecessora, ao contrário da "mãe de todas as bombas", não tinha sistema de orientação por GPS, o que obrigava os aviões a voar mais baixo e diretamente sobre o alvo para maior precisão.

O ataque de ontem ocorreu às 19.32 locais (15.32 em Lisboa), com a bomba a ser lançada de um MC--130. O alvo foi um sistema de túneis do ISIS-K, numa região onde, na semana passada, um soldado norte-americano foi morto em operações contra o grupo terrorista. "O ataque foi estudado para minimizar o risco para as forças americanas e afegãs que realizam operações de limpeza na área, maximizando a destruição de combatentes e instalações do ISIS-K", segundo um comunicado da USFOR. O ISIS-K é um grupo criado em janeiro de 2015 que opera no Afeganistão e no Paquistão. Os EUA estimam que tenha 700 membros, mas os afegãos falam em 1500.

"À medida que as perdas do ISIS--K têm vindo a crescer, estão a usar IED [sigla em inglês de artefactos explosivos improvisados], bunkers e túneis para aumentar as suas defesas", disse o general Nicholson. "Esta é a munição correta para destruir estes obstáculos e manter a dinâmica da nossa ofensiva contra o ISIS-K", acrescentou. A USFOR, tal como o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, indicou que as forças armadas tomaram "todas as precauções para evitar vítimas civis".

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