Trump garante a Abe "aliança mútua vital" e segurança do Japão

Presidente classificou relação bilateral como "a pedra angular da paz" no Pacífico. Criado mecanismo de consulta económica.
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No dia em que Donald Trump sofreu um novo revés com a decisão do tribunal de recurso federal que confirmou a suspensão da ordem executiva a interditar a imigração de nacionais sete países muçulmanos, o presidente americano recebeu o primeiro-ministro do Japão para negociações bilaterais sobre segurança, investimento e comércio bilateral.

Shinzo Abe é o segundo dirigente estrangeiro a ser recebido na Casa Branca, após a primeira-ministra britânica Theresa May, que esteve em Washington no final de janeiro. O encontro do chefe do governo nipónico e o presidente dos Estados Unidos sucede num momento particularmente tenso nas relações bilaterais, após Trump ter dirigido duras críticas ao Japão durante a campanha para as presidenciais de novembro. Na altura, o candidato republicano afirmou que eram os EUA que estavam a "pagar a segurança do Japão" e a serem fortemente prejudicados na indústria e no comércio. Ontem, numa conferência de imprensa conjunta com Abe, teve palavras diametralmente opostas. Trump classificou a relação com Tóquio uma "aliança mútua vital" em que a "amizade e as relações são muito profundas" e é desejo da sua Administração "aprofundá-las ainda mais".

No plano da segurança, o presidente americano declarou hoje o contrário do que dissera antes de ser eleito. "Estamos comprometidos com a segurança do Japão em todas as áreas sob o seu controlo administrativo" e "consolidar", neste campo, a "nossa aliança mútua vital". Não hesitou em classificá-la como a "pedra angular da paz" na região do Pacífico.

E mesmo no plano da linguagem corporal, mostrou-se efusivo apertando durante 19 segundos a mão de Abe na Casa Branca e, na conferência de imprensa que se seguiu ao encontro, fez questão de referir ter abraçado o governante nipónico, à saída do automóvel, para demonstrar a "excelente química" entre os dois.

Além das garantias em questões de segurança, importantes para Tóquio numa conjuntura em que Pequim se afirma cada vez mais com uma presença na região e a Coreia do Norte prossegue um programa nuclear de cariz militar, o governo japonês conseguiu materializar um novo mecanismo para o diálogo económico. O que era algo considerado difícil de ser concedido pela parte americana. Assim, o vice-presidente Mike Pence e o primeiro-ministro adjunto Taro Aso passarão a manter contactos regulares tendo em vista a criação de novas regras para o comércio e o investimento que garantam a existência de mercados livres.

Um fator importante, por exemplo, no setor automóvel. A presença das construtoras nipónicas nos EUA é significativa neste mercado, empregando atualmente 840 mil pessoas, referiu Abe perante a Câmara de Comércio dos EUA, e a esmagadora maioria dos veículos daquelas marcas é produzida localmente. Em contrapartida, a presença das empresas automóveis no Japão é residual.

Ao final do dia, Abe e sua mulher seguiram com Trump e Melania a bordo do Air Force One para um fim de semana em Mar-a-Lago, na Florida.

À visita de Abe segue-se a do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, na segunda-feira e do chefe do governo de Israel, Benjamin Netanyahu, na quarta-feira.

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