Trump está silenciosamente a banir recruta de imigrantes para as forças armadas
"Era o meu sonho servir nas forças armadas", disse, à Associated Press, o reservista brasileiro Lucas Calixto. "Este país sempre foi tão bom para mim, o que pensei foi que o mínimo que podia fazer era apoiar o meu país de acolhimento, servir como militar os Estados Unidos". Incrédulo, o imigrante apresentou queixa contra o exército na semana passada.
Calixto, que vive no Massachusetts, veio para os EUA com 12 anos. Através da entrevista à AP, por e-mail, disse que se alistou por patriotismo. "Aquilo que sinto é que tudo o que consegui foi por água abaixo e não percebo o que está a acontecer".
A AP diz não ter conseguido quantificar de quantos militares se está a falar, mas advogados que trabalham com imigrantes disseram ter conhecimento de pelo menos 40 casos. Além do brasileiro a reportagem daquela agência noticiosa falou também com recrutas oriundos do Paquistão e do Irão. Estes deram os seus testemunhos a coberto do anonimato.
"Desde 1775 que os imigrantes têm prestado serviço militar. Não teríamos ganho a revolução sem imigrantes. E não vamos vencer a guerra global contra o terrorismo de hoje sem os imigrantes", declarou Margaret Stock, advogada especializada em assuntos de imigração e tenente-coronel na reserva que ajudou a criar o programa de recrutamento. Nos últimos dias, tem sido inundada de pedidos de militares que foram subitamente dispensados.
Muitos dos visados, refere a reportagem da AP, não sabem porque foram dispensados. Os que pressionaram no sentido de obter uma resposta ficaram a saber que tinham passado a ser considerados um risco para a segurança. Outros que não tinham prestado todos os esclarecimentos exigidos pelo Departamento de Defesa.
Um porta-voz do Pentágono admitiu que, devido às situações de litígio em curso, não existem neste momento condições para afirmar as razões concretas da dispensa ou até mesmo para responder se houve ou não mudança de política nalgum dos ramos das forças armadas.
Desde os atentados terroristas do 11 de Setembro de 2001, cerca de 110 mil membros das Forças Armadas obtiveram cidadania norte-americana depois de servir nas forças armadas dos EUA, segundo o Departamento de Defesa, citado pela AP.
O ex-presidente George W. Bush, antecessor de Barack Obama, republicano como Donald Trump, ordenou, em 2002, a naturalização expresso para militares imigrantes num esforço de engrossar as fileiras militares dos EUA. Muitos foram para o Iraque. Para o Afeganistão. Entre outros teatros.
Quando depois Obama decidiu alargar o acesso a esse programa a beneficiários do DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals) a polémica estalou e choveram críticas por parte dos conservadores norte-americanos. Afinal, os beneficiários do DACA, plano que agora Trump quer rever, são jovens imigrantes que entraram ilegalmente nos EUA com os pais e que pelos EUA foram ficando.