Trump comenta eleições: "Acho que as pessoas gostam de mim"
O presidente norte-americano, Donald Trump, diz que foi "um dia incrível" e que os republicanos fizeram história ao aumentar a maioria no Senado e, ao mesmo tempo, conseguindo conter a onda democrata na Câmara dos Representantes. Tudo apesar da cobertura mediática negativa e o recorde de doações para os democratas, reitera.
Trump alega que os candidatos que apoiou tiveram grande sucesso: nove ganharam. "Não sei se alguma vez houve uma onda azul, mas podia ter havido", indica, se não fosse a forma como fez campanha. E na Câmara dos Representantes alega que muitos republicanos que não quiseram fazer campanha com ele perderam. E cita nomes.
"Acho que as pessoas gostam de mim. Acho que as pessoas gostam do trabalho que estou a fazer", responde mais tarde, quando questionado sobre o que aprendeu com o resultado das eleições. E diz que considera que, a noite eleitoral, "esteve muito próximo de ser uma vitória completa". E limita-se a dizer "Eu ganhei a Geórgia", lembrando que o ex-presidente Barack Obama e muitas celebridades fizeram campanha ali.
A história de que fala Trump refere-se aos ganhos a nível do Senado: "até agora são dois, mas podem ser três ou até quatro", diz o presidente, congratulando-se com estes resultados.
"A história vai ver o grande trabalho que fizemos nas últimas semanas para conseguirmos levar pessoas incríveis até à meta", indica Trump.
Trump lembra a história e diz que o ex-presidente Barack Obama perdeu seis lugares nas primeiras intercalares, ao segundo ano do seu mandato.
Na Câmara dos Representantes, Trump lembra que houve um recorde de congressistas republicanos que não quiseram ser candidatos. Mas Trump assume que, no caso do senador do Arizona, Jeff Flake, foi ele que tomou a decisão de o afastar. "Eu afastei-o. Estou muito orgulhoso disso. Fiz um grande serviço ao meu país", reitera.
Trump fez ainda uma nova comparação com o ex-presidente democrata: Obama perdeu 63 lugares nas primeiras intercalares, enquanto para já os republicanos perderam 27, refere.
A nível dos governadores, Trump diz que as corridas foram "incríveis" - contra candidatos democratas que estava muito bem financiados. E comenta os esforços dos democratas, citando por exemplo o apoio que Oprah Winfrey, apresentadora, deu aos candidatos na Geórgia. "Não sei se ela já não gosta de mim, mas costumava gostar. Ela trabalhou muito na Geórgia".
Trump diz que vai ter agora o caminho mais facilitado, porque serão os democratas a ter o trabalho de propor leis na Câmara de Representantes e terão que negociar com ele, porque os republicanos têm a maioria no Senado. "Ou podemos trabalhar juntos", refere, defendendo uma relação bipartidária e elogia Nancy Pelosi, que atualmente é a líder da minoria na Câmara dos Representantes (e é uma candidata natural ao cargo de líder da maioria no novo Congresso).
Mais à frente, volta a defender Pelosi. "Ela lutou muito e é uma pessoa muito capaz", indicou, dizendo ter tido uma boa conversa com ela na noite eleitoral.
"Eles vão vir a mim, vão negociar, talvez haja acordo, talvez não. Mas eles têm boas ideias a nível de infraestruturas e eles querem coisas na saúde e eu também quero coisas na saúde. Há imensas coisas que podemos fazer juntos", diz Trump, que passa depois a elogiar aquilo que tem feito bem. "A economia está bem", refere, criticando acordos como a NAFTA, e diz que o Irão já era.
Trump acredita que vai haver menos "impasse" no Congresso, chegando a alegar que esta situação (em que precisa de cerca de dez votos democratas para aprovar qualquer lei na Câmara dos Representantes) é melhor do que se tivesse ganho por três ou quatro lugares.
Em resposta a uma pergunta sobre eventuais investigações que os democratas queiram abrir, Trump diz que responderá da mesma forma. "Se isso acontecer, então vamos fazer o mesmo, e o governo vai parar e, nessa altura, vou culpá-los a eles", refere. "Há muitas coisas em que estamos de acordo, sem entrar em problemas", reiterou.
Em relação ao muro na fronteira entre México e Trump, presidente norte-americano diz que a agenda democrata tem sido não lhe dar dinheiro, mas alega que muitos democratas apoiam o seu muro. "Precisamos do dinheiro para construir o muro todo, não só pedaços do muro", insiste.
Questionado sobre se Pelosi lhe prometeu não dar início a um processo de destituição (impeachment), Trump diz que não falaram disso. E depois pergunta: "Por que é que deveria haver impeachment? Fazem-no a um presidente que é responsável por uma melhoria da economia? E depois, vão fazer um impeachment ao vice-presidente?"
Trump diz que está satisfeito com o trabalho do seu governo, mas não afastou hipótese de proceder a alterações. Quando questionado diretamente sobre o Secretário do Interior, Ryan Zinke, Trump disse que está a ver a situação e que, no espaço de uma semana, terá uma resposta.
Zinke tem estado envolvido num escândalo de gastos de campanha.
Mais à frente, questionado se na campanha para 2020 vai manter MIke Pence como candidato a vice-presidente, Trump diz que ainda não lhe perguntou, mas espera que sim. Depois, dirigindo-se a Pence que está na sala, pergunta-lhe diretamente se ele quer ser o seu número dois em 2020 e ele abanou a cabeça afirmativamente, rindo.
Sobre eventuais mudanças nos funcionários na Casa Branca, Trump diz que é normal as pessoas entrarem e saírem. "Temos muitas pessoas disponíveis para assumir todos os cargos. Muita gente quer trabalhar nesta Casa Branca", refere, lembrando que há muitas pessoas que ficam cansadas. "É um trabalho cansativo, mas eu adoro-o", refere.
Trump e o jornalista da CNN, Jim Acosta, entram numa troca de palavras, depois de este tentar fazer perguntas sobre a caravana de migrantes que partiu das Honduras e está a caminho dos EUA. O jornalista questionou o uso da expressão "invasão", perguntando se Trump demonizou os imigrantes para fazer uso político da situação.
Trump nega-o e reitera que é uma "invasão". E acusa Acosta de ser uma má pessoa e de "divulgar notícias falsas". E manda-o sentar várias vezes e entregar o microfone. "Tu és o inimigo do povo", reitera Trump.
O jornalista seguinte, Peter Alexander, da NBC, defende Acosta e Trump diz-lhe que também não é um fã dele.
Trump diz que os media são "hostis" com ele.
Questionado sobre a relação com o Japão, Trump diz que o primeiro-ministro Shinzo Abe é um dos seus grandes amigos, mas reitera também que o Japão tem tratado os EUA de forma pouco justa.
A questão seguinte foi sobre a Coreia do Norte. "Não tenho pressa", refere o presidente, dizendo que fez mais em poucos meses do que outras pessoas nos últimos 70 anos.
Trump diz que pensa que será possível uma nova reunião com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, no início do próximo ano. E reitera que as sanções ainda continuam a existir.
Questionado sobre a sua relação com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, Trump diz que têm uma relação muito boa com Trudeau - parece ter ficado então para trás os problemas com a última reunião do G7 no Quebeque, onde houve uma troca de palavras entre ambos, através das redes sociais e dos media.
Em relação à China, Trump diz que vai tentar "chegar a acordo com a China", indicando que "biliões de dólares vão entrar nos cofres do Tesouro dos EUA por causa das tarifas aos produtos chineses".
Sobre Israel, questionado sobre um aumento nos incidentes antissemitas, Trump diz que "ninguém fez mais por Israel" do que ele e lembra que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o chama de amigo.
As primeiras reações às eleições do presidente foram no Twitter. Primeiro para dizer que as intercalares tinham sido um "tremendo sucesso" e uma "grande vitória", depois para ameaçar a oposição. "Se os democratas acham que vão gastar o dinheiro dos contribuintes a investigar-nos na Câmara dos Representantes, então vamos ser forçados a considerar investigá-los por todas as fugas de informação classificada, e muito mais, no Senado. Dois conseguem jogar esse jogo", escreveu no Twitter.