"Era muito insubordinado". Trump despede testemunhas chave do impeachment

Assessor do Conselho de Segurança Nacional e embaixador junto da União Europeia foram destituídos do cargo.
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E vão dois. Depois de Alexander Vindman, assessor do Conselho de Segurança Nacional, ter sido destituído do cargo e escoltado para fora da Casa Branca na sexta-feira, Trump despediu agora um segundo alto quadro do Estado, que testemunhou contra ele no processo de impeachment.

"Informaram-me hoje que o presidente ia chamar-me, com efeito imediato, enquanto embaixador norte-americano junto da União Europeia", indicou Gordon Sondland, num comunicado que está a ser citado pelos media norte-americanos, em que se despede e agradece a oportunidade que lhe foi dada.

Gordon Sondland, embaixador dos EUA na União Europeia, declarou por escrito ao inquérito que decorreu na Câmara dos Representantes que trabalhou em conjunto com Rudolph Giuliani, advogado pessoal de Trump, para tentar pressionar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky investigar Joe Biden, rival político do presidente norte-americano.

Questionado sobre se a ajuda militar dos EUA à Ucrânia entrou nesta equação, Sondland limitou-se a confirmar com um "yup". Mas disse que nunca ouviu diretamente o pedido do presidente - foi através de Giuliani que recebeu instruções.

Já Alexander Vindman referiu, no depoimento durante o inquérito para destituição de Donald Trump, que considerou "incorreto e inapropriado" o telefonema do Presidente dos EUA com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky. Especialista sobre a Ucrânia do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, disse que ficou "preocupado" enquanto tirava notas do telefonema, a 25 de julho - a chamada que esteve no centro do inquérito para a destituição , em que o presidente dos EUA é acusado de ter tentando pressionar o homólogo ucraniano a investigar Biden.

Para Vindman, que ouviu o telefonema na qualidade de assessor da Casa Branca, ficou "claro que se a Ucrânia iniciasse uma investigação às eleições de 2016, aos Biden e à Burisma (empresa ucraniana que contratou o filho de Joe Biden) isso seria um jogo partidário", referindo-se às exigências que Trump terá feito a Zelensky. E considerou que é "impróprio para o Presidente dos Estados Unidos pedir a um Governo estrangeiro para investigar um cidadão dos EUA e oponente político".

A destituição de Vindman já era esperada. Horas antes de ser conhecido este desfecho, Trump tinha afirmado aos jornalistas: "Não estou contente com ele. Acham que devia estar? Não estou".

Depois do afastamento do assessor do Conselho de Segurança Nacional, o presidente voltou ao Twitter para garantir: "Os Fake News CNN e MSDNC continuam a falar do 'tenente coronel' Vindman como se eu só pudesse pensar como ele era maravilhoso. Na verdade, não o conheço, nunca falei com ele, ou me encontrei com ele (nem acredito!) mas, ele era muito insubordinado", escreveu na sua rede social favorita.

Vindman foi um dos poucos membros da Casa Branca que desafiou a ordem de Trump de não testemunhar perante o congresso.

Segundo o advogado de Vindman, citado pela CNN, Yevgeny Vindman, irmão gémeo do oficial agora destituído, também ele tenente-coronel destacado na Casa Branca, foi igualmente obrigado a deixar o seu cargo. É agora esperado que ambos voltem ao Pentágono, o seu lugar de origem.

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